Mercados esperam detalhes sobre promessas eleitorais de Bolsonaro
São Paulo, 29 Out 2018 (AFP) - Os mercados receberam sem euforia nesta segunda-feira (29), a eleição de Jair Bolsonaro como presidente, à espera de detalhes sobre a aplicação de seu programa de reformas pró-mercado.
A Bolsa de Valores de São Paulo abriu com alta de mais de 3%, mas rapidamente recuou e no fim da tarde caía mais de 2%.
O dólar chegou a ser cotado abaixo de R$ 3,60 pela primeira vez desde abril (ante os 3,65 no fechamento dos mercados na sexta-feira), antes de recuperar terreno e fechar a R$ 3,705.
Bolsonaro venceu nas urnas neste domingo com 55,13% dos votos neste domingo, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT).
"Os investidores anteciparam muito a vitória dele, se sabia, era muito difícil não acontecer", explica o analista Raymundo Magliano Neto, da Magliano Corretora.
O mercado de ações havia comemorado com aumentos consideráveis a vitória decisiva de Bolsonaro no primeiro turno de 7 de outubro (com 46% dos votos).
Mas agora, os investidores preferem aguardar as decisões concretas de Bolsonaro, apesar do fato de que seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, reafirmar na noite de domingo a determinação do governo que assumirá no dia 1º de janeiro de realizar um programa de privatizações e a reforma da Previdência.
Mas essa não será uma tarefa fácil, sobretudo considerando que o projeto deve passar por um Congresso fragmentado. "Neste momento, a grande questão é a reforma da Previdência e se o Congresso estaria disposto a aprovar", comentou Sergio Vale, analista da consultoria MB associados.
O conservador Partido Social Liberal (PSL) de Bolsonaro cresceu no Congresso, com uma bancada de 52 deputados, a segunda maior da Câmara, atrás do PT, que terá 56 representantes.
- Incerteza -Para analistas, a lua de mel entre Bolsonaro e os mercados será curta devido às incertezas que cercam seu programa econômico e as diferenças entre ele e Guedes.
"Na campanha vimos Guedes defendendo uma agenda ultra liberal de privatização de empresas públicas, reajuste do salário mínimo, novo sistema de legislação trabalhista. Essa é agenda que o economista defende. O Bolsonaro, no seu histórico enquanto deputado, tem visões muito contraditórias que parecem mais estatistas", disse a economista Laura Carvalho.
"O programa econômico de Bolsonaro não tem avaliação de impacto (...) Além disso, sua principal proposta - reduzir o déficit fiscal primário até 2019 [destinado ao pagamento de juros da dívida pública] - não é realista". afirmou uma nota de conjuntura da seguradora Euler Hermes.
Para Carvalho, que foi assessora do ex-candidato Guilherme Boulos (Psol), Bolsonaro terá dificuldade porque "não tem um apoio incondicional, não tem o capital político nem na população, nem no Congresso, para uma agenda radical".
"Somando isso com uma falta de experiência na gestão econômica e na articulação política, há muitos riscos de que o governo perca a estabilidade muito rapidamente. Isso também pode levar a um tipo de convulsão social, privatizações e Previdência são coisas que a população não estaria disposta a aceitar, e ali que mora o perigo maior, qual seria a reação do governo em caso de uma perda de apoio", acrescentou.
A estimativa da Euler Hermes é que a dificuldade de impulsionar uma reforma da Previdência no Congresso leve a um aumento do risco Brasil e que as incertezas em torno de seu programa econômico levem a uma desvalorização maior do real.
pr-js/gv/cn/ll
A Bolsa de Valores de São Paulo abriu com alta de mais de 3%, mas rapidamente recuou e no fim da tarde caía mais de 2%.
O dólar chegou a ser cotado abaixo de R$ 3,60 pela primeira vez desde abril (ante os 3,65 no fechamento dos mercados na sexta-feira), antes de recuperar terreno e fechar a R$ 3,705.
Bolsonaro venceu nas urnas neste domingo com 55,13% dos votos neste domingo, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT).
"Os investidores anteciparam muito a vitória dele, se sabia, era muito difícil não acontecer", explica o analista Raymundo Magliano Neto, da Magliano Corretora.
O mercado de ações havia comemorado com aumentos consideráveis a vitória decisiva de Bolsonaro no primeiro turno de 7 de outubro (com 46% dos votos).
Mas agora, os investidores preferem aguardar as decisões concretas de Bolsonaro, apesar do fato de que seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, reafirmar na noite de domingo a determinação do governo que assumirá no dia 1º de janeiro de realizar um programa de privatizações e a reforma da Previdência.
Mas essa não será uma tarefa fácil, sobretudo considerando que o projeto deve passar por um Congresso fragmentado. "Neste momento, a grande questão é a reforma da Previdência e se o Congresso estaria disposto a aprovar", comentou Sergio Vale, analista da consultoria MB associados.
O conservador Partido Social Liberal (PSL) de Bolsonaro cresceu no Congresso, com uma bancada de 52 deputados, a segunda maior da Câmara, atrás do PT, que terá 56 representantes.
- Incerteza -Para analistas, a lua de mel entre Bolsonaro e os mercados será curta devido às incertezas que cercam seu programa econômico e as diferenças entre ele e Guedes.
"Na campanha vimos Guedes defendendo uma agenda ultra liberal de privatização de empresas públicas, reajuste do salário mínimo, novo sistema de legislação trabalhista. Essa é agenda que o economista defende. O Bolsonaro, no seu histórico enquanto deputado, tem visões muito contraditórias que parecem mais estatistas", disse a economista Laura Carvalho.
"O programa econômico de Bolsonaro não tem avaliação de impacto (...) Além disso, sua principal proposta - reduzir o déficit fiscal primário até 2019 [destinado ao pagamento de juros da dívida pública] - não é realista". afirmou uma nota de conjuntura da seguradora Euler Hermes.
Para Carvalho, que foi assessora do ex-candidato Guilherme Boulos (Psol), Bolsonaro terá dificuldade porque "não tem um apoio incondicional, não tem o capital político nem na população, nem no Congresso, para uma agenda radical".
"Somando isso com uma falta de experiência na gestão econômica e na articulação política, há muitos riscos de que o governo perca a estabilidade muito rapidamente. Isso também pode levar a um tipo de convulsão social, privatizações e Previdência são coisas que a população não estaria disposta a aceitar, e ali que mora o perigo maior, qual seria a reação do governo em caso de uma perda de apoio", acrescentou.
A estimativa da Euler Hermes é que a dificuldade de impulsionar uma reforma da Previdência no Congresso leve a um aumento do risco Brasil e que as incertezas em torno de seu programa econômico levem a uma desvalorização maior do real.
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