Dois ex-chefes de Estado disputam Presidência de Madagascar
Antananarivo, 17 dez 2018 (AFP) - Mais de dez milhões de habitantes de Madagascar são esperados na urnas, na próxima quarta-feira (19), para participar do segundo turno da eleição presidencial, na qual escolherão entre dois ex-presidentes protagonistas das turbulências políticas de um dos países mais pobres da África.
Com acusações recíprocas de corrupção e de incompetência, Marc Ravalomanana e Andry Rajoelina se confrontaram em uma tensa campanha eleitoral, marcada por seus rancores pessoais e pela convulsão política deste país durante as últimas duas décadas.
Após sua eleição à Presidência em 2002, Ravalomanana se viu obrigado a renunciar sete anos mais tarde por causa de uma onda de manifestações que contava com o apoio de Rajoelina.
Então prefeito da capital, Antananarivo, Rajoelina foi eleito pelo Exército para presidir o país durante um período de transição.
Na eleição presidencial de 2013, proibiu-se a ambos adversários se candidatarem, devido a um acordo para pôr fim à sucessão de crise que afeta esta ilha do Índico, no sudeste da África, desde sua independência em 1960.
Cinco anos mais tarde, voltaram a se enfrentar para resolver sua disputa política.
Com 39,23% dos votos, Rajoelina, de 44 anos, foi o candidato mais votado em 7 de novembro no primeiro turno, enquanto Ravalomanana, de 69, obteve 35,35% dos votos.
O carisma dos dois ex-presidentes e, sobretudo, seu dinheiro lhes permitiram se impor com folga frente aos demais 34 candidatos.
O presidente em final de mandato, Hery Rajaonarimampianina, ficou em segundo plano, com apenas 8,82% dos votos.
Para atrair eleitores, e, acima de tudo, os abstencionistas - 45,7% - os dois ex-presidentes distribuíram presentes e doações de todos os tipos de clientelismo.
No sul do país, em meio a uma crise alimentar, os partidários de Andry Rajoelina não hesitaram em oferecer à população arroz e óleo baratos.
Este duelo personalizado ao extremo pôs em segundo plano a realidade de um país mergulhado em problemas. Pobreza, corrupção, insegurança...
Com seus 25 milhões de habitantes, Madagascar é o único país africano que, sem ter conhecido a guerra, se empobreceu desde sua independência.
Três quartos da população vivem com menos de dois euros por dia, segundo o Banco Mundial.
"Eu esperava um debate de ideias, mas assisti a um duelo violento de egos", observou Sahondra Rabenarivo, do Observatório da Vida Política em Madagascar (Sefafi). "É preocupante porque tudo deve ser reconstruído neste país, e isso só acontecerá se as pessoas trabalharem juntas".
Acima de tudo, essa rivalidade exacerbada acarreta o risco de uma nova crise política.
"As apostas são altas e ambos investiram pesadamente, inclusive financeiramente, nesta eleição", observa o analista Marcus Schneider, da Fundação Friedrich Ebert. "Se os resultados forem apertados, o perdedor poderá desafiar os resultados e mergulhar o país na crise".
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