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Alemanha diz adeus à sua última mina de carvão

19/12/2018 16h37

Berlim, 19 dez 2018 (AFP) - A última mina de carvão da Alemanha, na bacia do Ruhr, será fechada na sexta-feira, pondo fim à história de uma indústria-chave na Europa, que tornou possível o milagre econômico alemão.

Antes que os 1.500 mineiros de Prosper-Haniel pendurem seus capacetes e uniformes brancos, será montado simbolicamente um último bloco de carvão, durante uma cerimônia na presença do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.

"Em breve tudo isto terminará, e só restará uma grande tristeza", disse ao jornal Bild Thomas Echtermeyer, mineiro com 30 anos de experiência.

As minas de carvão e os altos-fornos nas colinas renanas, em auge desde o século XIX, alimentaram a indústria alemã.

"Durante 150 anos, o carvão foi o principal recurso energético e a matéria-prima mais importante do país: na química, na indústria, para aquecer a casa, durante as duas guerras e em todas as negociações de pós-guerra", comenta o historiador Franz-Josef Brüggemeier.

Nos vestiários dos mineiros tiveram origem grandes lutas sociais alemãs. As greves de 1919 e 1968, lideradas pelos poderosos sindicatos mineiros, estabeleceram as bases das primeiras políticas social-democratas na Alemanha.

Em nível europeu, foi em volta do carvão do Rhur que começou, em 1951, a integração econômica entre países ex-inimigos, com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço.

Mas desde os anos 1960, o carvão renano está morrendo, incapaz de competir com os preços do exterior. O governo manteve o setor com enormes subsídios, incluindo um bilhão de euros em 2017.

Berlim decidiu pôr fim aos gastos em 2007 e se deu o prazo de 11 anos para se preparar para a conversão socioeconômica de sua bacia mineira.

A Alemanha deixará de extrair seu próprio carvão, mas não o abandonará. Quase 40% da rede elétrica alemã é alimentada pelo carvão em suas duas formas: a hulha e seu primo poluente e barato, o linhito.

O país tem grandes minas de linhito a céu aberto, uma delas ocupada por ativistas ambientais na Floresta de Hambach. E as usinas com carvão importado da Austrália ou da China operam plenamente, inclusive no Ruhr.

A Alemanha está embarcando em uma transição energética perigosa e precisa do carvão para apoiar a eliminação da energia nuclear, enquanto as energias renováveis apresentam problemas de transporte e armazenamento.

Por seus compromissos climáticos, frustrados pelas emissões associadas ao carvão, o governo alemão anunciará em fevereiro o esquema de seu plano para abandonar gradualmente esta fonte de energia, com limite previsto para 2050.

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