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Rapidez dos avanços tecnológicos preocupa em Davos

25/01/2019 16h46

Davos, Suíça, 25 Jan 2019 (AFP) - A explosão da quantidade de dados em circulação, a ameaça de robôs e a inteligência artificial geram preocupação no Fórum de Davos, onde muitos temem que os avanços tecnológicos sejam rápidos demais para a humanidade.

Os ministros de 75 países, entre eles os da UE, Estados Unidos e China, iniciaram nesta sexta-feira (25), em Davos, negociações para regular o comércio na internet de forma "mais previsível, eficaz e segura".

"O comércio eletrônico é uma realidade na maioria das regiões do mundo, de modo que temos que oferecer a nossos cidadãos e a nossas empresas um ambiente comercial que seja previsível, eficaz e seguro", disse a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström.

A advertência mais pessimista chegou na quinta-feira por parte do milionário e filantropo George Soros no jantar que oferece todos os anos, coincidindo com o Fórum Econômico Mundial (WEF).

"Quero chamar a atenção sobre o perigo mortal que os instrumentos de controle que o aprendizado de máquina e a inteligência artificial põem nas mãos dos regimes repressivos representam para as sociedades abertas", disse.

Outra preocupação é a ameaça que a robotização representa para os postos de trabalho, em um mundo onde as desigualdades são cada vez maiores e onde crescem as opções políticas radicais.

"Todas estas empresas, tecnológicas ou não, têm uma grande responsabilidade", disse à AFP Jean-Philippe Courtois, vice-presidente executivo da Microsoft.

Os lucros da economia digital têm que ser redistribuídos "para um número maior de pessoas", segundo ele. "Isto quer dizer mais responsabilidade, por exemplo na educação".

- No ritmo das mudanças -Em um estudo recente, a consultora McKinsey aponta que as empresas "subestimam a aceleração do ritmo da digitalização, as mudanças de comportamento e de tecnologia ditados por esse ritmo e, sobretudo, o alcance da alteração que as espera".

Bill Ready, diretor operativo da companhia de pagamentos Paypal, aponta que o setor financeiro estava pensado "para servir as pessoas que trabalham de 09h00 a 17h00, para uma só companhia, muitas vezes durante toda a sua carreira".

"Mas quando a forma de ganhar dinheiro muda, a forma de pagar e de administrá-lo também deve mudar", acrescentou.

A Microsoft está optando pela informação desmaterializada, a chamada "nuvem", após se dar conta de que os sistemas operativos tradicionais, como Windows, estão perdendo terreno.

Em um local instalado na rua principal de Davos, o gigante americano apresenta vídeos para explicar as pequenas revoluções que a inteligência artificial promete.

É o caso do "supermercado do futuro", com sensores que permitem alertar imediatamente o serviço de limpeza se uma caixa de leite se rompe no chão.

Mas as empresas tem que ser "muito claras sobre o que querem fazer", sobretudo porque os avanços tecnológicos geram muitas tensões, como no caso da Uber no setor de transportes ou do AirBnB no de turismo e hotelaria.

Esta "quarta revolução industrial" está indo "mais rápido do que qualquer um poderia ter previsto", afirma Murat Sonmez, um especialista do Fórum Econômico Mundial, a organização que administra o Fórum de Davos e que realiza durante o ano muitos estudos sobre a questão.

"As empresas e os governos estão atrasados", indica.

A influência das redes sociais nos processos políticos, a confidencialidade dos dados pessoais mas também a fiscalização dos gigantes da tecnologia representam importantes desafios para os estados.

A Europa parece ser pioneira no assunto, por exemplo com a adoção, no ano passado, do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD).

A número dois do Facebook, Sheryl Sandberg, aproveitou sua presença em Davos para tentar melhorar a imagem da companhia, marcada por vários escândalos nos últimos meses sobre a proteção dos dados de seus usuários.

"Não tínhamos antecipado todos os riscos relacionados com o fato de colocar tanta gente em contato", disse em um encontro organizado pelo semanário alemão Die Zeit. "Temos que voltar a ganhar a confiança", acrescentou.

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