Impacto da guerra síria na sua indústria petroleira
Beirute, 10 Jul 2019 (AFP) - Após oito anos de guerra, o setor petroleiro perdeu bilhões de dólares na Síria, país onde a maioria dos campos de exploração continua fora do controle do regime de Bashar al-Assad.
Quem controla os hidrocarbonetos?O controle dos campos se divide principalmente entre o regime e as Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança árabe-curda apoiada por Washington.
As FDS controlam o principal campo petroleiro, Al Omar, e Al Tanak e Jafra, na província oriental de Deir Ezzor.
Em Hassaka (nordeste) e Raqqa (norte), elas dominam o campo de Rmeilan e outros menores, além de dois campos gasíferos em Deir Ezzor e Hassaka.
Damasco controla os principais campos gasíferos, como o Shaer, o maior do país, na província Homs (centro). Além disso, controla os campos petroleiros de Al Ward e Teim, em Deir Ezzor, e outros em Raqqa e Homs.
Que prejuízos?Antes da guerra (2011), os hidrocarbonetos representavam uma das principais fontes de renda do país.
Em 2010, eram 35% das exportações e 20% das receitas do governo, de acordo com a revista econômica digital The Syria Report.
Com o conflito, as infraestruturas ficaram gravemente prejudicadas, em alguns casos interrompendo a produção.
O regime perdeu o controle dos principais campos petrolíferos e gasíferos, e as potências ocidentais lhe impuseram sanções econômicas.
Antes do conflito, a produção de petróleo era de 385.000 barris por dia (bpd) e de 21 milhões m3 de gás.
Em 2016, ela caiu ao ponto mínimo de 2.000 bpd e 6,5 milhões de m3 de gás, de acordo com o ministro do Petróleo e de Recursos Minerais, Ali Ghanem, citado pela imprensa oficial.
Em 2017, quando o regime arrebatou campos petrolíferos e gasíferos de Homs do grupo extremista Estado Islâmico (EI), a produção na região aumentou para "17 milhões de m3 de gás e 24.000 bpd de petróleo", segundo a mesma fonte.
Esta produção não supre as necessidades da Síria, de acordo com Ghanem - representa apenas 20% em petróleo e de 60% a 70% de gás.
Frequentemente, o regime encurralado comprou petróleo de seus rivais curdos.
Ao todo, desde 2011, os prejuízos em hidrocarbonetos chegam a 74,2 bilhões de dólares, de acordo com Ghanem.
Qual o impacto das sanções?Antes do conflito, o setor atraía investidores estrangeiros. Com as sanções ocidentais, as multinacionais deixaram o país.
Para evitar o impacto das sanções e compensar a queda na produção, Damasco apelou para seus aliados.
Uma linha de crédito foi aberta com o Irã para atender às suas necessidades de petróleo, um apoio que foi complicado pelas sanções dos EUA contra Teerã, somado aos já sofridos pela Síria.
Entre outubro de 2018 e o início de maio, o petróleo iraniano não chegou à Síria, segundo o jornal pró-governo Al Watan. As sanções contra Teerã miram justamente neste setor.
Nesta quinta-feira, um navio iraniano, suspeito de transportar petróleo para a Síria, foi preso pelas autoridades de Gibraltar, uma semana após a chegada de outro petroleiro no porto de Banias (oeste da Síria).
As sanções ao Irã criaram escassez de combustível, que se intensificou durante o inverno (boreal), levando Damasco a adotar medidas de austeridade.
Quais são as alternativas do regime? Os campos de petróleo do leste da Síria são os mais importantes do país. O regime tem duas opções: uma reconquista militar ou um acordo com a FDS.
Eles sempre argumentaram que qualquer acordo com Damasco deveria respeitar uma distribuição equitativa da riqueza do petróleo.
Antes de 2011, o petróleo extraído no leste da Síria foi transferido para as duas únicas refinarias do país, em Homs e Banias. Atualmente, os territórios curdos têm pequenas refinarias artesanais para atender às necessidades dessas regiões semi-autônomas.
Assumindo o controle do leste, Damasco recuperaria "o limiar de auto-suficiência de todos os produtos petrolíferos", segundo Ghanem. Isso pode ser ainda mais estratégico: as receitas de hidrocarbonetos poderiam financiar parte da reconstrução do país devastado pela guerra, segundo especialistas.
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