FMI reduz previsão de crescimento mundial
Washington, 23 Jul 2019 (AFP) - As tensões comerciais e a contínua incerteza estão prejudicando o desempenho da economia global, que terá uma recuperação "precária" em 2020, advertiu o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.
No caso do Brasil, a previsão também é de redução na previsão do PIB.
As tensões comerciais estão prejudicando os investimentos e o FMI pediu aos países que não recorram a novas tarifas ao invés de negociar.
Na revisão trimestral de seu relatório sobre "World Economic Outlook" (WEO), o FMI cortou sua projeção em 0,1 ponto para este ano e para o próximo ano, estabelecendo o crescimento esperado para 2019 em 3,2%, com expansão de 3,5% em 2020.
Mas o informe assinala que pelo caminho várias coisas podem dar errado.
"A recuperação do crescimento projetada para 2020 é precária e envolve a estabilização das economias de mercados emergentes e em desenvolvimento que estão passando por tensões e progresso no sentido de resolver as diferenças comerciais", afirma o FMI.
Em uma coletiva de imprensa em Santiago do Chile, Gita Gopinath, diretora de pesquisa do FMI, disse que a recuperação prevista para o ano que vem é fraca pois "cerca de 70% do crescimento depende de uma melhoria do crescimento nos mercados emergentes e nas economias desenvolvidas, por isso está sujeito a muita incerteza".
"O crescimento é lento e precário, mas não tem por que ser assim, já que grande parte disso é autoinfligido", afirmou a economista.
Enquanto isso, os Estados Unidos, que são o centro da maioria das tensões comerciais, registraram uma das poucas revisões para cima do relatório, sustentada por um crescimento robusto no início de 2019.
O FMI melhorou as perspectivas do crescimento dos Estados Unidos em 0,3 ponto para uma expansão de 2,6% em 2019, mas advertiu para uma fragilidade da demanda, em parte devido às tensões comerciais.
Em 2020, o FMI espera que a economia americana cresça 1,9%.
A China, maior alvo da política comercial protecionista nos Estados Unidos, já está experimentando uma desaceleração na atividade.
"Na China, os efeitos negativos do aumento das tarifas e o enfraquecimento da demanda externa exacerbaram a pressão sobre uma economia que já está experimentando uma desaceleração estrutural", alertou o FMI.
A revisão do FMI reduz o crescimento da China 0,1 ponto neste ano e no próximo, para 6,2% e 6%, respectivamente.
Para a América Latina, o relatório registrou uma "considerável revisão para baixo" das previsões de crescimento em 2019, o que reflete a deterioração de grandes economias como o Brasil e o México.
"A região deve crescer a uma taxa de 0,6% em 2019 (0,8 ponto percentual a menos que no relatório WEO de abril) e subir para 2,3% em 2020", disse a entidade.
O relatório afirma ainda que a projeção para o Brasil foi reduzida em 1,3 ponto, com crescimento de 0,8% em 2019.
Para o México, a redução foi de 0,7 ponto percentual, a 0,9%.
Particularmente para a castigada Venezuela, o panorama é ainda mais dramático.
Ou o FMI espera que a economia venezuelana se contraia 35% quando, em abril, calculou 25%.
A entidade disse que a economia da Venezuela está "implodindo".
- Passos em falso -O FMI alertou que fatores abundantes podem afetar negativamente o cenário, como a possibilidade de os Estados Unidos imporem mais tarifas à China ou ao setor automotivo europeu, um Brexit sem acordo ou descompasso como o alto nível de endividamento em muitos países.
"Mesmo com as tensões diminuídas em junho, a obtenção de acordos duradouros que resolvam as diferenças continua dependente de negociações que podem ser prolongadas e complexas", alertou o FMI.
Esta revisão foi acompanhada por um corte para baixo em vários países, um ajuste mais fraco no caso de países como Alemanha ou Japão e mais significativo para economias como Brasil, México, Rússia, Índia e África do Sul, países que impulsionaram o crescimento global após a crise financeira de 2008.
O FMI advertiu contra "os passos em falso" que podem ter efeitos debilitantes sobre a confiança, o crescimento e a criação de empregos.
"Especificamente, os países não devem recorrer a impostos para influenciar a balança comercial bilateral, nem como um substituto para o diálogo, a fim de pressionar outros a fazerem reformas", diz o texto.
O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu colega chinês, Xi Jinping, concordaram em junho com uma trégua em suas hostilidades comerciais.
Altos funcionários em Washington e Pequim realizaram dois diálogos telefônicos nas últimas semanas, mas ainda não há encontros presenciais agendados.
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