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FMI: perspectivas econômicas são 'precárias' e não há margem de erro

15/10/2019 11h29

Washington, 15 Out 2019 (AFP) - A economia mundial está se desacelerando a seu nível mais fraco desde a crise de 2008, puxada por tensões comerciais que derrubaram a confiança das empresas, assim como os investimentos - advertiu o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (15).

O FMI pede que as disputas comerciais sejam resolvidas, já que não há ferramentas ilimitadas para responder a uma nova crise.

"Com uma desaceleração sincronizada e uma recuperação incerta, a perspectiva global continua sendo precária", disse a economista-chefe da entidade, Gita Gopinath.

No último ano, em seus sucessivos relatórios trimestrais, o Fundo reduziu as previsões de crescimento para 2019, à medida que cresciam os conflitos comerciais.

No informe "Perspectivas de crescimento da economia mundial" (em tradução livre do informe em inglês "World Economic Outlook"), o FMI reduziu em 0,2 ponto percentual a projeção de crescimento para 2019, a 3%. A instituição também cortou suas projeções para 2020 em 0,1 pp, a 3,4%.

"Com um crescimento de 3%, não há espaço para erros de políticas e há uma necessidade urgente de que as autoridades procedam de forma a desescalar cooperativamente as tensões comerciais e geoestratégicas", afirmou Gopinath.

Neste contexto, o FMI reduziu suas previsões para o crescimento da América Latina a 0,2%, para 2019, e a 1,8%, para 2020.

Além disso, o conflito comercial e a desaceleração da venda de automóveis em todo mundo implicaram uma brusca desaceleração do crescimento do comércio. No primeiro semestre, o comércio caiu até seu nível mais baixo desde 2012, com uma expansão estimada de 1,1% para este ano, após marcar um aumento de 3,6%, em 2018.

- Incerteza -Embora a economia americana tenha sido afetada pela incerteza - criada, em grande medida, pela ofensiva comercial deflagrada por seu presidente, Donald Trump -, a maior economia do mundo continua mostrando resiliência.

Depois de ter melhorado suas previsões para os Estados Unidos em julho, neste último informe, o Fundo reverteu o curso e reduziu as projeções de crescimento a 2,4%, uma queda de 0,2 pp. Em 2020, o FMI projeta uma expansão de 2,1%.

"Para os Estados Unidos, a incerteza em temas comerciais teve um efeito negativo no investimento, mas o emprego e o consumo continuam sendo fortes, alavancados também pelas políticas de estímulo", disse Gopinath.

Nesta conjuntura, os grandes bancos centrais adotaram medidas para suavizar o golpe, reduzindo as taxas de juros. Sem isso, aponta, a desaceleração poderia ter sido mais marcada.

A economista advertiu que a "política monetária não pode ser o único jogo" e que vários países - entre eles a Alemanha - deveriam aproveitar as taxas para investir, de modo a impulsionar o crescimento.

"Dado que os bancos centrais têm que usar uma quantidade limitada de munição para contrabalançar erros de políticas, eles têm pouco espaço livre, se a economia tiver um trânsito mais difícil", completou Gopinath.

Segundo o FMI, a guerra comercial entre Estados Unidos e China fará a economia mundial recuar 0,8 pp em 2020.

O Fundo advertiu que predominam os riscos nas perspectivas e que a incerteza em torno da política comercial, que faz as empresas conterem seus investimentos e mina a confiança, é mais nociva para o crescimento do que as tarifas em si.

- Queda na venda de automóveis -O comércio não é, contudo, o único motivo para explicar uma desaceleração global. O informe destaca que, na economia da China, o crescimento está se moderando, devido ao desaquecimento da demanda doméstica.

Outras grandes economias - como Brasil, Índia, México, Rússia e África do Sul - também estão se desacelerando por motivos "idiossincráticos", embora o Fundo espere uma recuperação para 2020.

O FMI destacou ainda que uma característica da desaceleração do crescimento em 2019, ampla em termos geográficos, é a desaceleração das manufaturas e do comércio global.

Para a entidade, isso, que se soma às tarifas e à incerteza comercial, é resultado de uma contração da indústria automotiva.

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