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Mulheres, as grandes perdedoras da distribuição da riqueza mundial, denuncia Oxfam

20/01/2020 19h05

Davos, Suíça, 20 Jan 2020 (AFP) - As mulheres são as grandes perdedoras da distribuição da riqueza mundial, extremamente desigual já que 2.153 bilionários possuem mais riqueza do que 60% da população, denunciou a ONG Oxfam em um relatório nesta segunda-feira.

Segundo a ONG, os 22 homens mais ricos do mundo têm uma riqueza superior à de todas as mulheres da África.

"Mulheres e jovens são as que menos tiram vantagem do atual sistema econômico", diz Amitabh Behar, diretor da Oxfam na Índia e que representará a ONG este ano na edição deste ano do Fórum de Davos, que começa nesta terça-feira.

O relatório anual da Oxfam sobre as desigualdades globais geralmente é publicado antes da abertura do Fórum Econômico de Davos.

Segundo a Bloomberg, pelo menos 119 bilionários, cuja fortuna total se eleva para cerca de 500 bilhões de dólares devem ir a Davos este ano.

"No topo da pirâmide, bilhões de dólares estão nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, principalmente homens", diz Oxfam.

Em 2019, os 2.153 bilionários no mundo tinham mais dinheiro que 60% da população do planeta.

"A diferença entre ricos e pobres não pode ser resolvida sem políticas deliberadas de combate às desigualdades. Os governos devem garantir que as empresas e os ricos paguem sua parte justa dos impostos", disse Amitabh Behar.

- Trabalho não remunerado -Segundo dados da ONG, cuja metodologia é baseada em números divulgados pela revista Forbes e pelo banco Credit Suisse, 2.153 pessoas atualmente têm mais riqueza do que os 4,6 bilhões mais pobres do mundo.

A fortuna de 1% dos mais ricos "corresponde a mais que o dobro da riqueza acumulada" por 6,9 bilhões de pessoas, ou seja, 92% da população mundial, uma concentração que "excede a dívida", diz o relatório.

"As mulheres estão na linha de frente das desigualdades por causa de um sistema econômico que as discrimina e as encerra nos negócios mais precários e com menos remunerados, começando pelo setor de atendimento", diz Pauline Leclère, da porta-voz da Oxfam France, citada em comunicado.

Segundo os cálculos da Oxfam, 42% das mulheres no mundo não podem ter um trabalho remunerado pela carga muito grande de trabalho de cuidados no âmbito privado ou familiar, frente a somente 6% dos homens.

Embora cuidar de outras pessoas, cozinhar ou limpar sejam tarefas essenciais "a pesada e desigual responsabilidade pelo trabalho de cuidado que recai sobre as mulheres perpetua tanto as desigualdades econômicas quanto as de gênero", afirmou a ONG.

A Oxfam calcula o valor monetário do trabalho de assistência não remunerada para mulheres acima de 15 anos, com US$ 10,8 trilhões por ano, ou seja, "três vezes mais que o valor do setor digital em todo o mundo", enfatiza a ONG.

bur-pc-af/mb/cc