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Em Davos, indústria turística promete menos plástico e mais sustentabilidade

24/01/2020 16h15

Davos, Suíça, 24 Jan 2020 (AFP) - Diante das toneladas de plástico descartável usado por hotéis todos os anos, o CO2 emitido por aviões ou a massificação em Barcelona, Everest ou Machu Picchu, a indústria do turismo prometeu nesta semana no Fórum de Davos ser mais "sustentável", embora tenha avisado que alguém terá que pagar o custo.

"Se queremos ter um setor mais sustentável, como todo mundo parece querer aqui em Davos, como podemos fazê-lo sem limitar nosso crescimento? Não podemos ter os dois ao mesmo tempo", disse Carsten Spohr, presidente da Lufthansa, em uma das sessões do Fórum Econômico de Davos (WEF), onde a questão climática tem sido protagonista.

A aviação está no centro das atenções da luta contra as mudanças climáticas por suas emissões de CO2 (cerca de 2,8% do total mundial), como evidenciado pela decisão altamente simbólica da ativista sueca Greta Thunberg de nunca viajar avião, nem mesmo para atravessar o oceano.

No entanto, Spohr disse que "ele não quer ser o bad boy da globalização" e lembrou que outras indústrias, como o streaming, assumem um nível de emissões comparável ao transporte aéreo. Além disso, segundo ele, os clientes ainda não estão dispostos a pagar mais para viajar, por exemplo, em um avião com biocombustível - uma opção que algumas empresas já estão oferecendo.

Os números são espetaculares: de acordo com as previsões do setor, em 2030 serão realizados 1,8 bilhão de viagens internacionais no planeta, o dobro do que há 20 anos. E isso sem contar as viagens domésticas, que continuam aumentando.

- 500 milhões de garrafinhas de xampu -O impacto ambiental do turismo tem outras faces, como o uso de plástico descartável, que a União Europeia decidiu proibir, mas é usado em muitos lugares do planeta.

"Nenhum de nós tem o seu melhor comportamento quando ele está em um quarto de hotel", disse Arne Sorenson, presidente da Marriott International - um gigante da hospitalidade global com presença em mais de 130 países - para explicar que não é fácil mudar os costumes dos clientes, nem em matéria ecológica, quando estão de férias.

Nos últimos anos, foram feitos esforços para limitar, por exemplo, a quantidade de roupas e toalhas lavadas em hotéis ou o uso de água, mas o plástico continua sendo um problema.

Sorenson explicou que seu grupo deixará de distribuir pequenas garrafas plásticas com xampu e produtos similares que até agora são colocados nos quartos e que, no caso da Marriott, representam o número impressionante de 500 milhões de garrafas por ano.

Outro dos grandes problemas do setor é a superlotação.

"Muitos de nossos clientes não se importariam de mudar seu destino para um mais sustentável, mas não têm informações. É algo que pode ajudar a combater a superlotação", disse Gillian Tans, presidente da Booking.com, uma das principais plataformas da reservas de acomodações turísticas no mundo.

Um exemplo é a cidade espanhola de Barcelona, que se tornou um símbolo internacional de massificação e cujas autoridades combatem os hotéis tradicionais e a plataforma Airbnb.

"Se eu sou responsável por Barcelona e os habitantes se sentem invadidos por turistas, talvez eu diga 'Não há mais permissões de hotéis'. Como empresa hoteleira, não gostamos, mas precisamos respeitá-la", diz Sorenson.

- Exemplo da Costa Rica -Diante da superlotação, o turismo regional poderia ser uma alternativa, pois evita viagens longas distâncias e, nas áreas em desenvolvimento, pode ser um motor econômico.

"Temos que mudar nossa mentalidade, constantemente parar de vender novas experiências turísticas, promover uma abordagem regional", disse Reem Fadda, chefe de cultura e turismo de Abu Dhabi, que promove o turismo cultural em contato com a população local.

Na América Latina, a Costa Rica se tornou um modelo para equilibrar o turismo e seu impacto no meio ambiente.

"Você tem que crescer, sim, mas sob outros parâmetros. A Costa Rica mostra isso para você todos os dias. Quando o turismo se esvai, os indígenas acabam servindo os hotéis. É isso que queremos?", pergunta Alicia Bárcena, responsável pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

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