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Consumidores invadem mercados em Los Angeles com pânico do coronavírus

07/03/2020 12h11

Compradores correndo, água mineral racionada e nenhum rolo de papel higiênico à vista: o pânico pelo novo coronavírus chegou a Los Angeles e, com ele, as compras nervosas.

Dois dias depois de a Califórnia declarar estado de emergência, a AFP visitou lojas de varejo que não conseguiam atender o ritmo da demanda crescente por artigos de primeira necessidade.

"É o pandemônio... Nossos números são o dobro do habitual", disse René, funcionário do supermercado Costco, em Burbank.

"Hoje ficou fora de controle. Por isso, ficamos sem papel higiênico, quase sem água, sem desinfetante para as mãos", relatou.

Até agora, uma pessoa morreu na Califórnia, que tinha registrado 69 casos do novo coronavírus até sexta-feira, tornando-se o segundo estado com maior número de casos, depois de Washington.

Apesar das súplicas de restrição dos funcionários, os californianos começaram a replicar o pânico de compras visto em toda Ásia e em outras regiões.

"Foi uma loucura", disse o diretor financeiro do Costco, Richard Galanti, a analistas em uma ligação na quinta-feira.

No mesmo dia, a polícia do condado de San Bernardino, perto de Los Angeles, foi chamada a um dos gigantescos armazéns após clientes se enfurecerem com a falta de suprimentos.

Apenas água cara

Na sexta, o Costco restringiu ainda mais a compra de água a duas caixas por cliente, ainda menos do que as quatro do dia anterior.

Vários compradores tentaram ignorar a regra e tiveram as garrafas confiscadas no caixa - o que levou a queixas e confrontos, disse um assistente.

"Com toda essa loucura, o medo começa a ficar palpável", disse Lisa García, trabalhadora de 30 anos de um comércio varejista. "Estávamos pensando em nos abastecer de produtos como papel, mas olha essas estantes vazias", disse à AFP.

Em uma filial perto dali, os compradores invadiram a loja, assim que as portas foram abertas.

Ao meio-dia, tinham sobrado apenas as caras garrafas de água Perrier. Alguns consumidores, embora preocupados, levaram-nas para casa, tentando ver o lado positivo da situação.

"Sou cauteloso", disse o socorrista Andrew, que se recusou a dar seu sobrenome, enquanto empurrava um carrinho cheio de água, papel toalha, limão e gengibre. "Quero ter o essencial, misturas para bebidas, vinhos. Se as coisas piorarem, tenho que beber", completou.

"Estou aqui para o caso de o apocalipse chegar", brincou Carlos Gonzalez, um estudante de 35 anos. "Acho que eles encontraram uma maneira eficiente de vender muitas coisas".