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Coronavírus volta a afundar as bolsas

23/03/2020 17h40

Paris, 23 Mar 2020 (AFP) - Anúncios do Federal Reserve dos EUA, que disponibilizou US$ 300 bilhões para "apoiar o fluxo de crédito para empregadores, consumidores e empresas", retardaram um pouco o declínio brutal nos mercados de ações europeus nesta segunda-feira, mas não foram suficientes.

Em Nova York, o Dow Jones caiu a um mínimo desde novembro de 2016 em um mercado preocupado pela estagnação política sobre um plano de reativação da economia americana para enfrentar as consequências do coronavírus. O Dow teve queda de 3,12% a 18.576,04 pontos e o Nasdaq limitou suas perdas a 0,27%, a 6.860,67 pontos.

Por sua vez, as bolsas de valores europeias, abaladas pela incerteza sobre o plano econômico dos Estados Unidos para lidar com o coronavírus e por avisos de resultados negativos de grandes empresas, fecharam no vermelho.

O CAC-40 em Paris caiu 3,32%, o Dax 30 em Frankfurt 2,10%, o FTSE-100 em Londres 2,19% e Milão 3,79%. Em Madri, o IBEX-35 caiu 3,31.

O índice Ibovespa mostrou volatilidade pela manhã, com perdas que oscilaram entre 2,5% e 4,5%, mas às 12H41 a tendência negativa se acentuou e a queda chegou a 7,08%.

"O aprofundamento da crise da saúde" e "a ausência de um plano de ajuda americano" tiveram uma influência muito negativa no início do dia, resumiu David Madden, analista da CMC Markets. As ações asiáticas fecharam antes dos anúncios do Fed com um declínio acentuado, com exceção de Tóquio.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng perdeu 4,4%, enquanto em Sydney a Bolsa caiu 5,6% e em Wellington 7,6%, respondendo à decisão da Nova Zelândia de decretar confinamento geral.

Em Singapura, o mercado de ações caiu 7,5% e em Seul, 5,5%.

Em Xangai, foram registradas perdas de 3,11% e na China a bolsa de valores de Shenzhen caiu 4,26%.

A Bolsa de Tóquio foi uma exceção e fechou no positivo graças ao iene fraco e ao SoftBank Group, que anunciou um plano ambicioso para ceder ativos e comprar ações.

O euro, por sua vez, ganhou temporariamente 1,0% em relação ao dólar, após os anúncios do Fed, apesar de o dia ter começado no ponto mais baixo em relação ao dólar norte-americano em três anos.

Os preços do petróleo fecharam alta após uma sessão bastante volátil. Em Nova York, o barril de WTI para entrega em maio subiu 3,23% em relação ao fechamento anterior. O barril de Brent do mar do Norte para entrega em maio subiu 0,19%, a 27,03 dólares, em Londres.

O mercado da dívida estabilizou-se com movimentos limitados, tanto na Europa como nos Estados Unidos.

"Essas quedas rápidas e sem precedentes ilustram a velocidade com que passamos de um pequeno medo pela saúde pública para uma recessão global", disse Stephen Innes, analista da AxiCorps.

Os mercados também foram atingidos por alertas de lucros negativos de grandes empresas, como a petrolífera francesa Total ou a fabricante de aeronaves europeia Airbus.

A companhia Singapur Airlines também anunciou que deixará a maior parte de sua frota em terra até abril e disse que está lutando para sobreviver.

Segundo Tangi Le Liboux, "continuamos a pensar que os mercados ainda não atingiram seu ponto mais baixo, mas não podemos dizer se o declínio continuará ou se os mercados se estabilizarão pelo menos temporariamente" com um acordo nos Estados Unidos.

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