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Bancos europeus são afetados por coronavírus

12/05/2020 14h53

Paris, 12 Mai 2020 (AFP) - Os bancos europeus já sofreram no primeiro trimestre os choques da crise econômica causada pela pandemia da COVID-19, mas o impacto mais difícil ainda está por vir, segundo analistas.

"Haverá muitos danos, mas não se sabe quando", antecipa Lorraine Quoirez, analista do UBS, quando questionada sobre as consequências bancárias de um confinamento que desacelerou as trocas econômicas e afundou os mercados.

O aspecto mais visível da crise neste primeiro trimestre é que todos os bancos europeus guardaram reservas de capital adicionais para enfrentar eventuais inadimplências de seus clientes.

Esse "custo do risco" disparou entre janeiro e março, reduzindo severamente os lucros e até causando prejuízos, como aconteceu com o banco italiano Unicredit, com 1,2 bilhão de euros em provisões.

Segundo a analista, até agora, as provisões feitas são essencialmente "coletivas", ou seja, dizem respeito a uma determinada categoria de empresas, por exemplo, pequenas e médias empresas ou setores considerados sensíveis.

Os números anunciados por alguns bancos são vertiginosos: o Barclays reservou 2,1 bilhões de libras (2,4 bilhões de euros), de acordo com suas projeções de impacto da pandemia.

O Santander provisionou 1,6 bilhão de euros, enquanto o francês Société Générale - que registrou perdas trimestrais pela primeira vez desde 2012 - prevê provisões de 3,5 bilhões de euros este ano e que poderia se estender até 5 bilhões, em caso de "paralisia prolongada".

- Conter os danos -"Espera-se uma explosão nas taxas de inadimplência", alerta Eric Dor, diretor de pesquisa do Instituto de Administração e Economia Científica (IESEG). "Em todos os lugares há uma tentativa de conter os danos o máximo possível, mas mais cedo ou mais tarde, uma explosão de falências não poderá ser evitada".

Alguns bancos estão mais expostos que outros? "Tem que ver caso a caso", diz o economista. Segundo ele, no conjunto, os bancos voltados ao varejo e serviços bancários para empresas são os mais expostos.

Os bancos de varejo já sofrem taxas de juros negativas, o que reduz suas margens, e "não há perspectiva de normalização" a esse respeito.

Uma coisa é certa: "a fraca rentabilidade dos bancos europeus em comparação aos grandes bancos norte-americanos os torna mais frágeis, e esse é o seu grande problema", conclui.

As agências de classificação destacam essas desvantagens, mas mesmo assim destacam a solidez dos bancos.

As perdas nas notas dadas por essas agências foram menores para os bancos do que para outros setores, menciona a S&P Global Ratings em uma comunicado.

Os bancos, na origem da crise financeira de 2008-2009, desta vez desempenham o papel de amortecedores, continuando a financiar empresas e a apoiar famílias em dificuldade.

Para conseguir isso, eles têm uma contribuição maciça de liquidez pelos bancos centrais e o apoio de reguladores que relaxaram temporariamente suas demandas.

A força atual dos bancos também é resultado do fortalecimento de seu capital.

De acordo com o Bank for International Settlements (BRI) - o banco central dos bancos centrais - entre o final de junho de 2011 e o final de junho de 2019, os 100 principais bancos aumentaram seu patrimônio de primeira classe em 98%, ou seja, cerca de 1,9 trilhão de euros.

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