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Economia mundial cairá menos do que o esperado, mas novas restrições por vírus geram dúvidas

13/10/2020 20h31

Washington, 13 Out 2020 (AFP) - A recessão causada pela pandemia para este ano será menos severa do que o esperado há alguns meses graças à abertura de algumas economias avançadas, alertou o Fundo Monetário Internacional nesta terça-feira (13).

Porém, as novas restrições impostas na Europa diante do aumento nos casos da covid-19 e a suspensão dos testes clínicos de um tratamento experimental mostram que levará um tempo para se superar a crise.

O FMI espera uma contração do PIB mundial de 4,4% neste ano, abaixo da estimativa de junho, de 5,2%. A melhora se deve principalmente pela abertura de algumas economias, ainda que a reativação tenha pouca força até o próximo ano.

"Viver com o novo coronavírus é um desafio diferente, mas o mundo se adapta", considerou a economista-chefe da agência, Gita Gopinath, em um blog que acompanha o último relatório de previsão econômica global (WEO) do FMI.

"Sem dúvida, essa crise está longe de terminar", acrescentou Gopinath.

A revisão em alta reflete dados econômicos melhores do que o esperado no segundo trimestre, particularmente em economias desenvolvidas da Europa, nos Estados Unidos e na China, onde o vírus surgiu.

No entanto, novos confinamentos preventivos no Velho Continente amplificam os alertas sobre a força de recuperação dessas economias, que fomentavam as expectativas de recuperação.

Diante da imensa incerteza, o FMI mais uma vez revisou para baixo a expectativa de recuperação para 2021 (+5,2%, -0,2 ponto).

A pandemia do novo coronavírus causou mais de um milhão de mortes em todo o mundo e quase 38 milhões de casos. E prejudicou as economias, independentemente do tamanho.

O PIB dos Estados Unidos, maior economia mundial, cairá 4,3%, abaixo dos 8% estimados anteriormente, enquanto a economia da zona do euro recuará 8,3%.

Gopinath indicou que um pacote de estímulo nos Estados Unidos aumentaria seu crescimento em dois pontos percentuais no próximo ano, acima do aumento de 3,1% previsto para o PIB.

Mas embora nesta terça-feira o lado republicano tenha se mostrado aberto à votação de um plano emergencial para as pequenas empresas antes das eleições de novembro, os democratas se recusam a aceitar propostas de auxílio que não contemplem uma ajuda ampla.

Enquanto isso, em um outro sinal da complexidade da crise, o grupo farmacêutico americano Eli Lilly anunciou a suspensão de ensaios clínicos do seu tratamento experimental com anticorpos contra a covid-19 por razões de segurança não especificadas.

O tratamento é semelhante ao que o presidente Donald Trump recebeu logo após o aparecimento dos sintomas.

- Recuperação econômica "gradual" na América Latina -Com apenas 8% da população mundial, a América Latina e o Caribe são responsáveis por quase 30% dos casos e mais de um terço das mortes pela covid-19 no mundo.

A região tem mais de 10,1 milhões de infectados e 370.000 mortes.

Apesar desse cenário, o FMI melhorou sua projeção para 2020 para a região. No entanto, Gopinath alertou: "Enxergamos uma recuperação muito gradual na América Latina, vai demorar até 2023 para voltar apenas aos níveis (PIB) de 2019".

O PIB da região deverá ter uma retração de 8,1% em 2020, em vez de 9,4%, conforme esperado.

Segundo Gopinath, "muitos países tinham vulnerabilidades ao entrar nesta crise", como uma dívida elevada e fraqueza em seu crescimento. E isso está influenciando as projeções.

Um exemplo é a Argentina - em quarentena desde 20 de março - que teve agravada a recessão que atravessa desde 2018.

Com 903.717 casos e 24.186 mortes pela covid-19, a Argentina tem uma previsão de queda de 11,8% no PIB deste ano, frente os -9,9% esperados antes. E tudo isso enquanto negocia um novo acordo com a instituição.

Apesar disso, nesta terça-feira uma dezena de escolas do Ensino Médio abriram suas portas na cidade de Buenos Aires, como início de um lento retorno às aulas presenciais.

Ao mesmo tempo, outros países da região estão passando por altos e baixos.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, pediu à população que fique alerta: "Confirmamos um ressurgimento de casos da covid-19", tuitou, quando as mortes chegam a 899 vítimas.

O México, por sua vez, com 83.945 mortos pelo novo coronavírus, fechou acordos com três empresas farmacêuticas que desenvolvem vacinas para a doença por US$ 1,659 bilhões, que junto com um mecanismo da OMS poderá proteger até 116 milhões de mexicanos, informou o governo.

Nesse país, 1.646 trabalhadores da saúde morreram e 122.041 foram infectados pela covid-19, de acordo com dados oficiais de 5 de outubro.

No entanto, a OMS divulgou um dado animador: a taxa de infecção pela covid-19 entre os profissionais de saúde no mundo mostra "uma queda substancial", em muitos países passando de 14% dos infectados para menos de 3%.

- Fechamentos na Europa e Cristiano Ronaldo contaminado - Na Europa, onde ocorreram mais de 243 mil mortes e 6,6 milhões de casos do novo coronavírus, foram adotados critérios - de aplicação voluntária - para coordenar as restrições a viagens dentro da União Europeia e unificar as medidas aprovadas por cada país.

Na França, um dos países mais afetados, novas restrições são esperadas a partir da quarta-feira.

Enquanto isso, no Reino Unido o governo de Boris Johnson foi alvo de críticas depois que se descobriu que foram ignorados há três semanas relatórios científicos para impor o confinamento para deter o vírus, cuja segunda onda se espalha pelo território.

Na Itália, o governo proibiu festas e comemorações ao ar livre e em ambientes fechados, e limitou a seis o número de convidados em alguma casa.

No esporte, a novidade foi a contaminação do astro português da Juventus, Cristiano Ronaldo, que se encontra assintomático e isolado. Além disso, o coronavírus atingiu o Giro d'Italia.

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