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Brexit terá grande impacto em expatriados dos dois lados do Canal da Mancha

09/12/2020 06h57

Bruxelas, 9 dez 2020 (AFP) - No dia 1º de janeiro, os cidadãos do Reino Unido e da União Europeia enfrentarão a dura realidade cotidiana do Brexit, com o retorno de fronteiras e de regras eliminadas há décadas.

A partir dessa data, os britânicos na União Europeia serão considerados cidadãos de um "terceiro país", e portanto sem os benefícios da livre circulação para estudar ou trabalhar em qualquer dos Estados-membros do bloco.

Do outro lado do Canal da Mancha, os europeus residentes no Reino Unido receberão o mesmo tratamento para pessoas de qualquer outro país, com possibilidade de registro para continuar a residir em território britânico.

No campo do turismo também haverá mudanças significativas. O Reino Unido e a UE concordaram em que as viagens de lazer podem ser feitas sem visto, mas os britânicos não poderão mais usar serviços automatizados de controle de fronteiras de passaportes na Europa.

Para viajar para a Europa, os britânicos devem ter um passaporte válido por pelo menos seis meses e sua estadia será limitada a um total de 90 dias por semestre.

Ainda estão em discussão os detalhes da regulamentação das viagens a negócios, aquelas nas quais as pessoas não recebem pagamentos ou salários.

Os cidadãos europeus que pretendam estudar no Reino Unido a partir de janeiro precisarão de visto para cursos com duração superior a seis meses e pagarão taxas mais altas do que os estudantes locais (taxas que para alguns cursos podem ser até quatro vezes maiores).

Esta regra despertou um temor imediato nas universidades britânicas de perder um grande número de alunos para instituições na Europa, onde muitas são gratuitas.

De acordo com um estudo do Parlamento em Londres, havia 143.000 estudantes europeus em universidades britânicas no ano letivo de 2018/2019.

Em 2015, esses estudantes europeus injetaram incríveis 25,8 bilhões de libras (quase 34 bilhões de dólares) na economia britânica.

Na direção oposta, é altamente provável que os estudantes britânicos sejam excluídos do programa Erasmus, que oferece intercâmbios subsidiados em países europeus.

Ao mesmo tempo, os estudantes britânicos que desejarem estudar na Europa enfrentarão taxas especiais e exigências de visto, além de serem impedidos de trabalhar.

A estimativa é que até o final deste ano exista 1,3 milhão de britânicos na Europa e 3,6 milhões de europeus no Reino Unido, e seu direito de permanência está garantido no Acordo de Retirada, que rege o Brexit.

Mas aqueles que desejaram emigrar depois de 1º de janeiro enfrentarão um quadro totalmente diferente.

Os britânicos que vierem para a UE devem atender exigências de seguro saúde, renda mínima e proficiência no idioma do país de destino.

O Reino Unido pretende adotar um sistema de pontuação que tornará difícil para os europeus se estabelecerem em seu território após 1º de janeiro.

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