Brasil teve superávit de US$ 51 bi em 2020, com forte queda das importações
Brasília, 4 Jan 2021 (AFP) - O Brasil teve em 2020 um superávit comercial de 51 bilhões de dólares, em alta de 7%, sustentado por uma forte queda de suas importações e pela reativação da demanda chinesa em um ano de incertezas, segundo dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (4).
O Brasil exportou no ano passado 6,15% a menos do que em 2019 com um total de 209,9 bilhões de dólares.
Mas as importações caíram ainda mais, 9,7%, a 158,9 bilhões de dólares, devido à menor demanda de insumos industriais em uma economia em recessão, informou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.
O superávit foi um pouco inferior ao previsto pelo mercado (US$ 55 bilhões), mas representa o terceiro maior saldo positivo do país, depois do recorde de 2017 (US$ 67 bilhões) e do excedente de 2018 (US$ 58 bilhões).
"O ano de 2020 foi caracterizado por um forte cenário de incertezas sobre o grau de profundidade e extensão da pandemia" do novo coronavírus, explicou a Secex.
Os fluxos comerciais devem se recuperar em 2021, no âmbito de uma reativação econômica global.
A Secex estima que o país terá um aumento de 5,3% de suas exportações e 5,8% de suas importações, com um saldo positivo de 53 bilhões de dólares.
O ano passado foi "atípico", mas as exportações brasileiras "mostraram uma resistência importante, devido à recuperação prematura da China e ao preço das commodities e à depreciação forte da nossa moeda" frente ao dólar, afirma Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.
As exportações para a China, o principal parceiro comercial do Brasil, aumentaram 7,3%, a 70,08 bilhões de dólares, e representaram 33% do total, frente a 29% em 2019.
As exportações aos Estados Unidos, seu segundo parceiro comercial, caíram 27,2%, a 21,457 bilhões de dólares, e a parte desta demanda na conta total caiu de 13,2% em 2019 a 10,8% em 2020.
Também caíram 12,7% as exportações para a Argentina, o terceiro parceiro comercial do Brasil, com um faturamento de 8,476 bilhões de dólares.
A maior dependência da China, com sua grande demanda por soja e ferro, acrescentou a parte das commodities à conta brasileira, em detrimento dos produtos manufaturados.
As exportações agrícolas brasileiras representaram 21,6% do total, contra 19,1% em 2019, e as de produtos da indústria extrativista subiram de 22,4% em 2019 para 23,3%.
A parte da indústria de transformação, ao contrário, caiu de 58% a 54,7% do total.
"Há controvérsias" sobre os problemas que estas tendências trazem, afirma Silvio Campos. Mas "prefiro dizer que é uma realidade e o Brasil pode se aproveitar disso também, dessas oportunidades" que lhe oferece o mercado asiático, acrescenta.
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