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EUA e Europa podem estar importando madeira ilegal do Brasil, segundo informe

02/02/2021 20h04

Rio de Janeiro, 2 Fev 2021 (AFP) - Empresas dos Estados Unidos e da União Europeia importam madeira potencialmente ligada ao desmatamento ilegal no Brasil, favorecidos pela suspensão das sanções do governo de Jair Bolsonaro a maior exportadora de pisos de madeira do país, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (2).

O grupo ambientalista londrino Earthsight afirma que a empresa brasileira Indusparquet está "crescendo nos Estados Unidos e na Europa" depois de "ter sido liberada" das sanções do governo de Bolsonaro, apesar de evidências que a vinculam ao desmatamento ilegal na Floresta Amazônica.

O Ibama apreendeu mais de 1.800 metros cúbicos de madeira de uma filial da Indusparquet em 2018, com um valor estimado de US$ 2,5 milhões.

A requisição ocorreu como parte da investigação de um suposto agente corrupto do Ibama que, segundo as denúncias, ajudava madeireiros ilegais a "lavar" sua matéria-prima com a emissão de licenças falsas.

Porém, após a chegada de Bolsonaro ao poder em 2019, o novo chefe do Ibama em São Paulo cancelou uma multa de R$ 482,3 mil contra a Induparquet e liberou mais de 1.600 metros cúbicos de madeira apreendida, segundo Earthsight.

O Ibama comentou em nota ter aceitado os argumentos da empresa de que a madeira era legal e que o problema era na verdade um erro administrativo.

A Indusparquet negou qualquer irregularidade.

A empresa "lamenta profundamente ter sido envolvida de forma leviana e com inverdades em alegações e meras suspeitas cujo pano de fundo é político", ressaltou a empresa em um comunicado.

Este caso se soma às inúmeras polêmicas em torno da gestão ambiental do governo Bolsonaro, que em meio a taxas recordes de desmatamento na Amazônia em mais de uma década, promove a abertura da floresta - considerada essencial para conter as mudanças climáticas - às madeireiras, mineradoras e à agropecuária.

A Earthsight identificou que as exportações da Indusparquet para os Estados Unidos e Europa aumentaram drasticamente, apesar das investigações, apontando para uma possível violação dos regulamentos de importação.

Nos Estados Unidos, o volume de importação da Indusparquet aumentou 15% desde 2018, disse a organização.

Na Europa, países como França, Itália e Bélgica continuaram importando da empresa brasileira, que também agregou a Dinamarca aos seus países de destino desde 2018.

"Casos como este são uma zombaria para atores internacionais que afirmam ter ultrapassado a ilegalidade descontrolada que ameaça as florestas tropicais do planeta", comentou Sam Lawson, diretor da Earthsight, em comunicado.

"Com o governo Bolsonaro sabotando os esforços para enfrentar o problema, é mais importante do que nunca impedir que madeiras suspeitas cheguem aos mercados internacionais. Os governos dos Estados Unidos e da Europa devem agir urgentemente para fazer cumprir melhor suas respectivas leis", acrescentou.

jhb/mel/js/bn