Reação lenta à pandemia afeta recuperação do crescimento na Europa
Bruxelas, 6 Abr 2021 (AFP) - O lento andamento das campanhas de vacinação na Europa e a adoção de estímulos menos ambiciosos colocaram em evidência o abismo na velocidade de recuperação do bloco, em comparação com aos Estados Unidos, disse o FMI nesta terça-feira (6).
Em seu mais recente Panorama Econômico Mundial (WEO), o FMI elevou sua previsão para o crescimento da zona do euro neste ano em 0,2 pontos percentuais, para 4,4%. Para os Estados Unidos, o FMI projeta crescimento de 6,4% neste ano, com forte reajuste para cima de 1,2 ponto percentual.
Na visão do FMI, este abismo se explica por "diferenças nas políticas de saúde pública (...) em resposta à pandemia, flexibilidade e adaptabilidade da atividade econômica à baixa mobilidade, tendências pré-existentes e rigidez estruturais anteriores à crise".
A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, destacou em uma entrevista coletiva em Washington que "a Zona do Euro deve se recuperar este ano, após um colapso significativo. Mas em um ritmo mais lento".
Gopinath destacou que dentro da Zona do Euro também há velocidades diferentes nessa recuperação, sendo que a Alemanha deve atingir os níveis de 2019 no primeiro semestre do próximo ano, "e a Espanha um pouco mais tarde".
- Plano ambicioso -O principal fator para a forte alta na expectativa de desempenho americana, segundo o FMI, é o pacote de estímulo de quase dois trilhões de dólares lançado pelo presidente Joe Biden, amparado por uma bem-sucedida campanha de vacinação.
Por outro lado, o bloco europeu iniciou suas campanhas de vacinação no final de dezembro, mas encontra dificuldades evidentes para cumprir as metas de número de pessoas vacinadas, por causa de problemas nos laboratórios em relação à produção e distribuição das doses.
Além desse enorme plano de ajuda econômica, Biden sugeriu outra proposta de US$ 2,5 trilhões voltada para infraestrutura e outro pacote de US$ 1 trilhão para educação e redução da pobreza.
Este enorme plano de recuperação deve estimular a economia dos EUA em 2021 e 2022, "com benefícios significativos para os principais parceiros comerciais dos EUA", observou o FMI.
- Diferentes velocidades -Enquanto isso, o bloco europeu concordou com um pacote de recuperação pós-pandemia no valor de 750 bilhões de euros (cerca de 890 bilhões de dólares), mas que ainda não foi ratificado por todos os países membros.
Nesse cenário e diante do sólido avanço de sua campanha de vacinação, os Estados Unidos começam a planejar suas medidas não confinadas, enquanto a Europa continua bloqueada por inúmeras restrições de locomoção e viagens.
O ministro francês da Economia, Bruno LeMaire, referiu-se amargamente a essa diferença com uma imagem clássica do cinema: "a cavalaria americana chegará a tempo", comentou.
O Reino Unido, que deixou o mercado único europeu no início de janeiro, também se beneficia de uma melhoria em suas perspectivas graças a uma campanha de vacinação muito mais rápida do que na Europa.
O PIB britânico deve crescer 5,3% este ano, de acordo com o FMI, que aumentou sua estimativa em 0,8 ponto percentual em relação a janeiro.
A China, por sua vez, já havia atingido seus níveis pré-pandêmicos no final de 2020, e os Estados Unidos se encontrariam na mesma situação no final daquele ano.
No entanto, o FMI observou que "na Zona do Euro e no Reino Unido, a atividade deve permanecer abaixo dos níveis do final de 2019 até 2022".
ahg/mb/bn
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