Inflação no Brasil atinge dois dígitos: 10,25% em 12 meses
Rio de Janeiro, 8 Out 2021 (AFP) - A inflação acumulada em 12 meses no Brasil ficou em 10,25% em setembro, atingindo dois dígitos pela primeira vez desde 2016, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (8).
A inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou para 1,16%, em setembro, o maior valor para este mês desde 1994, e acumula alta de 6,90% no ano, informou o IBGE.
A histórica seca que afeta o funcionamento das hidrelétricas e que obriga a recorrer a fontes de energia mais caras teve um peso significativo.
"Oito dos nove itens de produtos e serviços analisados subiram em setembro, com destaque para o setor habitacional (2,56%), que foi impulsionado pelo aumento de 6,47% na conta de luz", explicou o instituto.
A inflação acumulada em 12 meses não chega a dois dígitos desde fevereiro de 2016, quando ficou em 10,36%.
O aumento consecutivo dos preços na maior economia da América Latina tem empurrado muitas famílias para situações de precariedade, sem condições de lidar com o aumento do custo de itens básicos, como alimentação e transporte, que em setembro aumentaram 1% e 1,82%, respectivamente.
O consumo de carne vermelha, que acumula alta de 24,8% em um ano, virou luxo. Imagens de brasileiros recolhendo ossos com restos de carne descartados causaram comoção no final de setembro.
O aumento dos preços dos combustíveis no exterior e a desvalorização do real em relação ao dólar influenciaram os preços internos, explica o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).
"O maior fator externo é o aumento do preço do petróleo, que democratiza a inflação. Ricos e pobres percebem o aumento da inflação a partir do petróleo. As famílias de renda mais alta percebem pelo preço da gasolina, que não para de subir. E os mais pobres percebem no preço do botijão", ilustra Braz.
O aumento do diesel, utilizado pelos caminhões que transportam a maior parte das mercadorias do país, também encarece toda a cadeia.
Os dois dígitos de inflação chegam depois de um ano e meio de pandemia - que deixou quase 600 mil mortos no Brasil.
A um ano das eleições presidenciais, a inflação e as complicações econômicas que atrasam a recuperação do emprego representam um desafio para o presidente Jair Bolsonaro. Sua aprovação caiu para 22%, o pior nível desde o início de seu mandato.
Os 6,90% de altas acumuladas entre janeiro e setembro de 2021 superam em muito a meta oficial para a inflação, fixada em 3,75%, e seu teto de 5,25%.
No mês passado, a inflação havia registrado o pior mês de agosto em 21 anos, com alta de 0,87% e inflação acumulada em 12 meses de 9,68%.
O presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, avaliou dias atrás que "setembro deve ser o pico da inflação em 12 meses", e aí começará "uma queda".
A expectativa do mercado é que a inflação chegue a 8,51% até o final deste ano, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
mel/dga/mr/tt
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