José Mauro Coelho assume presidência da Petrobras
Rio de Janeiro, 14 Abr 2022 (AFP) - Candidato do governo, o tecnocrata José Mauro Coelho assumiu nesta quinta-feira (14) a presidência da Petrobras semanas depois de o presidente Jair Bolsonaro destituir seu antecessor, em um momento de aumentos nos preços dos combustíveis.
Em seu discurso de posse, Coelho agradeceu ao presidente pela confiança e prometeu trabalhar "com toda a dedicação e afinco para bem cumprir essa importante missão", após ter sido eleito pelo conselho diretor para um mandato de um ano.
Este técnico, vinculado durante o governo atual ao Ministério de Minas e Energia (MME), é o terceiro presidente da petroleira controlada pelo Estado desde que Bolsonaro assumiu o poder, em janeiro de 2019.
Em sua fala, Coelho defendeu a atual política de preços da companhia, que custou o cargo ao seu antecessor, general Joaquim Silva e Luna: "A prática de preços de mercado é condição necessária para a criação de um ambiente de negócios competitivo, para atração de investimentos (...) e a garantia de abastecimento".
Silva e Luna, general da reserva do Exército, foi destituído no fim de março por Bolsonaro. O presidente é crítico da polícia de preços da companhia, que segue a cotação internacional de petróleo, disparada nos últimos meses pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em março, os combustíveis subiram 6,7% e acumularam alta de 27,89% em 12 meses, impulsionando uma inflação incessante, que pode corroer a popularidade do presidente, que disputará a reeleição em outubro.
Apesar da mudança na diretoria, especialistas afirmam que há pouca margem para mudanças drásticas.
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, apontou que "não acreditamos numa mudança no sentido da intervenção" do Estado, visto que "há confiança nos mecanismos de controle dos agentes reguladores e fiscalizadores" da empresa.
- "Aperfeiçoamento da comunicação" -O novo presidente da Petrobras disse que dará ênfase especial em "uma gestão que valoriza o aperfeiçoamento da comunicação, principalmente da comunicação externa".
"Muitas vezes, não conseguimos ter uma comunicação que chegue de forma palatável ao povo brasileiro", destacou.
Na quarta-feira, Coelho foi eleito na assembleia-geral de acionistas membro do Conselho Administrativo, um requisito para sua nomeação como presidente.
Seu nome tinha surgido apenas uma semana antes, depois que o primeiro candidato proposto pelo governo Bolsonaro, o economista Adriano Pires, desistiu de assumir as rédeas da empresa diante da impossibilidade de se desvincular rapidamente de sua atividade privada.
Bolsonaro disse dias atrás em um podcast que precisava de "alguém mais profissional" à frente da Petrobras.
Formado em química industrial e com mais de 25 anos de experiência no setor, Coelho foi, entre abril de 2020 e outubro de 2021, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, na órbita do ministério de Minas e Energia.
De 2020 até agora, foi presidente do Conselho de Administração do Pré-Sal Petróleo (PPSA), companhia pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
Após a nomeação, as ações da Petrobras recuaram levemente na Bolsa de São Paulo, mas por volta das 17h30, operavam em alta de 0,39%, a 34,75 reais.
A reação contrasta com a queda provocada pela nomeação de Silva e Luna, quando pesaram no mercado fortes preocupações sobre uma maior intervenção estatal na companhia.
- Diretoria renovada -Na quarta-feira, a assembleia-geral nomeou também Márcio Andrade Weber, outro dos indicados pelo governo Bolsonaro, como presidente do Conselho de Administração da estatal.
O nome de Weber surgiu também na última hora, depois de o apontado inicialmente, Rodolfo Landim, recusar o convite para continuar à frente do clube de futebol Flamengo.
O Conselho Diretor da Petrobras tem 11 assentos, quatro dos quais foram atribuídos na quarta a membros independentes, razão pela qual o número de representantes do acionista controlador (o Estado) foi diminuído em um, para seis.
Isso representa um avanço na participação dos acionistas minoritários na condução.
A Petrobras agradeceu em seu comunicado ao general Silva e Luna por seu "importante trabalho (...) sua liderança, dedicação e contribuição" como presidente da companhia.
mls/app/cjc/mvv
PETROBRAS - PETROLEO BRASILEIRO
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