Economia alemã resiste em 2022 apesar da guerra da Ucrânia
A economia alemã cresceu 1,9% em 2022, mais do que o esperado ? revelam dados preliminares divulgados nesta sexta-feira (13), um alívio para o governo que tomou medidas para conter a crise energética desencadeada pela guerra na Ucrânia.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 superou as expectativas, apesar do "contexto difícil" da guerra na Ucrânia e do aumento dos preços, informou o Escritório Federal de Estatísticas (Destatis) nesta sexta.
No final do ano passado, o governo esperava um crescimento de apenas 1,4% em 2022, após registrar 2,6% em 2021.
A maior economia da zona do euro "continua desafiando a recessão", afirmou Carsten Brzeski, analista do ING.
Segundo o Destatis, o PIB "estagnou" nos últimos três meses do ano, mas evita, por enquanto, entrar no vermelho.
Diante da crise, a Alemanha resiste, graças ao consumo, à ajuda pública e à economia de energia na indústria, embora "os prejuízos econômicos globais tenham sido consideráveis, porque antes da ofensiva russa na Ucrânia ainda esperávamos que o crescimento fosse aproximadamente o dobro", explicou Fritzi Köhler-Geib, economista do banco KfW.
Provocada pela guerra na Ucrânia, a crise energética abalou o modelo alemão, baseado na importação maciça de gás barato da Rússia.
A guerra pôs fim aos suprimentos russos e disparou os preços na Europa durante parte do ano.
A inflação disparou, assim como os custos de produção na indústria, motor do crescimento alemão, o que alimentou temores de uma grande crise econômica para o país.
Nesse contexto, o consumo privado assumiu o comando, tornando-se "o principal pilar" do crescimento no ano passado e voltou quase ao nível pré-pandemia, acrescentou o Destatis.
- Ajudas públicas e consumo limitado -
A ajuda pública em massa para sustentar o poder de compra impediu o colapso do consumo, em meio à disparada dos preços da energia e dos alimentos.
A indústria, por sua vez, "tem sido criativa", quando se trata de economizar gás, disse Jan-Christopher Scherer, especialista do instituto econômico DIW.
Segundo um estudo do IFO, 75% das indústrias que usam gás reduziram o consumo sem limitar a produção.
Os preços da energia, principalmente do gás, também caíram nos últimos meses, graças a um inverno ameno na Europa e aos esforços do governo alemão para aumentar a oferta de gás liquefeito.
Do lado da oferta, a melhora gradual da cadeia de suprimentos nos mercados mundiais trouxe alívio para a indústria exportadora.
"Esses efeitos positivos compensaram, parcialmente, as consequências da guerra e dos altos preços da energia", afirma Brzeski.
No entanto, "os próximos meses serão difíceis", observou Oliver Holtemöller, pesquisador do instituto econômico IWH.
Embora os preços do gás tenham caído nos últimos meses nos mercados de curto prazo, os preços permanecerão estruturalmente mais altos do que antes da crise e por muito tempo.
O gás liquefeito, que substitui os suprimentos russos, é mais caro de produzir e transportar do que o gás por gasoduto.
Os auxílios de 200 bilhões de euros (US$ 216 bilhões) permitirão congelar os preços da energia e do gás em 2023 e 2024, mas não conseguirão compensar tudo, sobretudo, se os preços subirem bruscamente.
Além disso, as contas públicas da Alemanha têm um déficit de 2,6% do PIB, que deve aumentar para 3,25% no próximo ano.
Setor-chave da economia alemã, a indústria automobilística deverá apresentar números de vendas este ano ainda "um quarto abaixo dos de 2019", antes da pandemia, segundo a federação de fabricantes de automóveis VDA.
fcz/mas-pc/avl/aa/tt
© Agence France-Presse
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