Credit Suisse se recupera na Bolsa após receber apoio do Banco Central suíço
As ações do Credit Suisse saltaram nesta quinta-feira (16), depois de receber o apoio do Banco Central da Suíça para tranquilizar os mercados, horas após registrar a pior sessão de sua história.
Os papeis do banco com sede em Zurique fecharam em alta de 19,15%, a 2,02 francos suíços. Na quarta-feira, atingiram o mínimo histórico de 1,55 franco, quando a ação do Credit Suisse desabou 24,24%.
As bolsas europeias recuperaram, nesta quinta, boa parte das perdas registradas na véspera. A Bolsa de Valores de Paris ganhou 2,03%; a de Frankfurt, 1,57%; Madri, 1,5%; Milão, 1,38%; e Londres, 0,89%.
O Credit Suisse anunciou durante a madrugada de quinta-feira que solicitará um empréstimo de até 50 bilhões de francos suíços (US$ 53,7 bilhões) do Banco Central. O banco também anunciou uma série de operações de recompra de títulos da dívida por quase 3 bilhões de francos suíços.
"Estas medidas são um movimento decisivo para fortalecer o Credit Suisse, à medida que continuamos nossa transformação estratégica para agregar valor aos nossos clientes e outras partes interessadas", afirmou o CEO do banco, Ulrich Koerner, em um comunicado.
Após um silêncio muito questionado no início da semana, o Banco Central suíço e a Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro do país anunciaram uma ajuda ao CS na quarta-feira.
"O Credit Suisse atende às exigências em matéria de capital e liquidez impostas aos bancos de importância sistêmica", afirmaram o Banco Nacional Suíço (BNS, banco central), e a Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro (Finma), em comunicado conjunto.
"Em caso de necessidade, o BNS colocará liquidez à disposição do Credit Suisse", acrescentaram as instituições.
O colapso do Credit Suisse aconteceu poucos dias após a falência do banco californiano Silicon Valley Bank (SVB) após uma onda de saques em larga escala de clientes, o que deixou o estabelecimento em dificuldades para manter o fluxo por conta própria.
Mas ao contrário do SVB, o CS integra o grupo de 30 bancos internacionais considerados muito importantes para quebrar, o que também impõe regras mais rígidas para resistir aos abalos do mercado.
A preocupação supera as fronteiras da Suíça. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos afirmou que estava "monitorando a situação e em contato com as autoridades internacionais".
Acúmulo de reveses
"Esperamos que as medidas acalmem os mercados e interrompam a espiral negativa", disse Andreas Venditti, analista da Vontobel, que considera a ajuda do banco central como "um forte sinal".
"Mas levará tempo para recuperar totalmente a confiança", acrescentou.
O colapso da ação do Credit Suisse acelerou na quarta-feira após a recusa de seu principal acionista, o Banco Nacional Saudita, a ampliar sua participação no capital.
Questionado pela Bloomberg TV se o banco saudita poderia investir mais dinheiro, seu presidente, Amar Al Judairy, disse: "A resposta é absolutamente não, por várias razões cada vez mais simples, que são regulatórias e estatutárias".
Os sauditas possuem, hoje, 9,8% do banco suíço. "Se passarmos de 10%, uma série de novas regras entra em vigor", alegou.
Os sauditas se tornaram os maiores acionistas da CS durante um aumento de capital efetuado em novembro para financiar uma grande reestruturação da entidade.
O banco está em dificuldades há dois anos, após a falência da empresa financeira britânica Greensill, que marcou o início de uma série de escândalos que enfraqueceram o CS.
Alguns acionistas acabaram jogando a toalha, como o fundo de investimentos americano Harris Associates, um de seus apoios mais importantes e que revelou, na semana passada, ter vendido toda sua participação no Credit Suisse.
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