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PIB do Brasil cresce 1,9% no primeiro trimestre

01/06/2023 10h47

A economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023, o primeiro do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na comparação com os últimos três meses de 2022, superando as expectativas do mercado.

O Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia da América Latina cresceu 4% em relação ao mesmo período do ano passado, anunciou nesta quinta-feira (1º) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

No último trimestre de 2022, a economia havia registrado contração de 0,1%. 

"O resultado foi puxado, principalmente, pelo crescimento de 21,6% da agropecuária, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996", detalhou o IBGE.

"Problemas climáticos impactaram negativamente a agropecuária no ano passado e esse ano estamos com previsão de safra recorde de soja", disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

O crescimento superou as expectativas do mercado para o trimestre, que era de 1,3%, segundo a média de mais de 70 estimativas de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo jornal Valor Econômico. 

Lula assumiu o poder em janeiro com o desafio de estimular a economia após uma contração de 0,1% no quarto trimestre de 2022, na comparação com os três meses anteriores.

- Dúvidas no horizonte -

Apesar dos dados positivos, alguns analistas pediram prudência. 

"A análise dos números do primeiro trimestre aponta que a economia não está tão forte quanto sugere o impressionante aumento de 1,9%", disse William Jackson, economista de mercados emergentes da consultoria Capital Economics. 

Mesmo assim, a consultoria revisou sua projeção de crescimento em 2023 de 1% para 2,3%.

O banco digital C6 Bank, que também revisou para cima sua projeção para este ano (de 1,5% para perto de 2%), advertiu que "os próximos trimestres devem apresentar resultados mais fracos para a agropecuária, já que a safra de soja se concentra no primeiro semestre". 

Esta previsão de desaceleração no agro também foi indicada pelo Ministério da Fazenda em uma nota publicada após os resultados. 

Na área de serviços, o governo mantém uma perspectiva favorável para o próximo trimestre, com a criação de "novos postos de trabalho", o aumento do salário mínimo desde maio e uma desaceleração esperada da inflação dos alimentos e da gasolina. 

A redução de "impostos para carros novos" também contribuirá para dinamizar esse setor a partir de junho, acrescentou a Fazenda.

- Pressão para reduzir as taxas de juros -

Quando presidiu o Brasil de 2003 a 2010, Lula foi protagonista de um vertiginoso ciclo de crescimento, impulsionado pela demanda chinesa por exportações de matérias-primas latino-americanas. Mas as perspectivas são menos otimistas para seu terceiro mandato, que começou em meio à desaceleração do crescimento global. 

Para estimular o crescimento, o governo do presidente de esquerda tem pressionado as autoridades do Banco Central (BCB) a reduzir a taxa de juros, desde agosto do ano passado em 13,75%, valor máximo desde 2017 e a maior do mundo em termos reais (descontando a inflação). 

O BCB implementou a estratégia para mitigar a forte alta de preços que afetou o Brasil nos últimos tempos. Mas o nível da taxa ameaça o crescimento econômico, ao encarecer o crédito para empresas e consumidores. 

Após vários meses na casa dos dois dígitos, o indicador de preços no varejo recuou para 4,18% nos 12 meses encerrados em abril, valor que, para o governo, não justifica uma taxa tão elevada.

Em sua nota, o Ministério da Fazenda afirmou que "o início da flexibilização monetária e das reformas fiscal e tributária", somado a outras medidas, ajudará a "reduzir incertezas, promovendo o retorno do investimento".

Em 2022, último ano do mandato de Jair Bolsonaro, o Brasil registrou crescimento de 2,9%, após avançar 5% no ano anterior, fruto da recuperação após a paralisação da pandemia da covid-19. 

O mercado projeta uma alta de 1,26% no PIB para este ano, com estimativas revisadas várias vezes para cima ante a previsão de 0,78% de janeiro, segundo a última pesquisa Focus, do Banco Central.

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© Agence France-Presse