Fed mantém taxa de juros entre 5,25% e 5,5% e descarta cortes
O Federal Reserve (Fed) manteve inalterada, nesta quarta-feira (1º), sua taxa de juros de referência entre 5,25% e 5,50% pela segunda reunião consecutiva, buscando conter a inflação sem abalar a pujança econômica.
A decisão do Fed, amplamente antecipada pelos mercados, deixa a taxa de referência no maior nível em 22 anos, mas permite, segundo o banco central americano, que suas autoridades "avaliem informações adicionais e suas implicações na política monetária", indica o comunicado final do encontro de dois dias de seu comitê de política monetária.
O Fed destacou a fortaleza do mercado de trabalho, com uma taxa de desemprego de 3,8%, e da atividade econômica dos Estados Unidos, apesar dos aumentos sucessivos da taxa de juros, que visaram a encarecer o crédito para moderar o consumo e o investimento, reduzindo, assim, as pressões sobre os preços.
- Inflação elevada -
A inflação permanece alta, reiterou o banco central, que deseja avaliar "os efeitos acumulados" do aumento dos juros.
O índice PCE, o mais acompanhado pelo Fed para medir a alta dos preços, situou-se em 3,4% a 12 meses em setembro. A inflação mensal foi de 0,4%, a mesma variação de preços de agosto e um pouco acima que o esperado. Ao contrário, a inflação subjacente, que exclui preços muito voláteis, como os de alimentos e energia, passou de 0,1% em agosto para 0,3% em setembro.
O IPC, por sua vez, mostrou-se estável, em 3,7% em 12 meses em setembro, mas a alta de preços moderou-se na medição mês a mês pela primeira vez desde maio.
O presidente do Fed, Jerome Powell, descartou qualquer corte de taxa neste contexto: "O fato é que o comitê de política monetária não pensa em corte de taxa neste momento. Não estamos falando nisso."
- Tempestade -
A economia americana parece mais sólida do que nunca, quando, no começo do ano, previa-se uma leve recessão. No entanto, uma tempestade se forma no horizonte, dentro e fora do país.
A guerra entre Israel e o Hamas ameaça provocar um aumento dos preços do petróleo, principalmente caso se estenda a outros países da região, que é uma grande produtora de petróleo bruto. Isso puxaria para cima o preço das matérias-primas, com possibilidade de a inflação também ganhar força.
Em nível doméstico, a eleição do presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, após três semanas de vaivém no Partido Republicano, faz prever uma votação complexa sobre o orçamento federal de 2024.
O impacto desses problemas na economia é difícil de medir neste momento.
- Efeito bônus -
Paralelamente, somou-se o aumento das taxas dos títulos do Tesouro para dez anos - uma referência do mercado -, que dispararam em setembro e, em outubro, chegaram a ficar acima de 5%.
O Fed monitora a evolução dessas taxas, ressaltou Powell: "Estamos atentos ao aumento dos rendimentos de longo prazo, que contribuíram para endurecer as condições financeiras em geral."
"Muitos no Fed consideram que o aumento das taxas dos títulos equivale a um novo aumento dos juros", destacou Diane Swonk, economista-chefe da KPMG. O impacto das taxas dos títulos é bem maior que o dos juros, uma vez que a taxa de referência decidida pelo banco central condiciona os empréstimos concedidos pelos bancos, "que representam apenas um terço do crédito nos Estados Unidos", explicou.
O Fed subiu 11 vezes a taxa de juros desde março de 2022. Sua meta de inflação é de 2% ao ano.
Em Wall Street, o dia terminou com alta de 0,67% do Dow Jones; 1,64% do Nasdaq e 1,05% do S&P 500.
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© Agence France-Presse
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