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Famílias de baixa renda têm inflação maior, revela pesquisa do BC

A inflação pesou mais para as famílias com renda baixa, entre um e três salários mínimo, por conta da parcela maior do orçamento destinada à alimentação em casa - Mykyta Dolmatov/Getty Images/iStockphoto
A inflação pesou mais para as famílias com renda baixa, entre um e três salários mínimo, por conta da parcela maior do orçamento destinada à alimentação em casa Imagem: Mykyta Dolmatov/Getty Images/iStockphoto

12/11/2020 13h30

A inflação pesou mais para as famílias com renda baixa, entre um e três salários mínimo, por conta da parcela maior do orçamento destinada à alimentação em casa. A conclusão é do estudo "Inflação por faixa de renda familiar em 2020", divulgado hoje, em Brasília, pelo BC (Banco Central). A alimentação em casa é o segmento que mais tem pressionado a inflação neste ano.

Entretanto, o BC ressalta que, mesmo para este grupo, a inflação se encontra "em patamar baixo, com variação de 2,29% no acumulado do ano".

Segundo o estudo, a pandemia de covid-19 tem influenciado a inflação e os preços relativos no Brasil desde março. "Por um lado, distanciamento social, aumento do desemprego e retração da atividade deprimiram os preços de diversos serviços. Por outro, a depreciação cambial, os programas de transferência de renda e o aumento dos gastos com alimentação no domicílio pressionaram os preços dos alimentos", diz a pesquisa.

O estudo foi feito considerando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA - a inflação oficial do país), com base nos microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018.

As faixas de renda familiar usadas são um a três salários mínimos, três a dez salários mínimos e 10 a 40 salários mínimos, que representam, na ordem, 46,2%, 44,0% e 9,8% da população pesquisada no IPCA.

Consumo de serviços

De acordo com o BC, em todas as regiões do país, conforme aumenta o nível de renda das famílias, cresce a parcela do orçamento destinada ao consumo de serviços em detrimento dos gastos com alimentação no domicílio e monitorados (como energia elétrica, gasolina, gás, transporte público).

"Ademais, vale destacar os maiores gastos com alimentos no domicílio e bens industriais no Norte, em relação a outras regiões, para todas as faixas de renda; a participação de aproximadamente 50% de dispêndios em serviços para as famílias com renda entre 10 e 40 salários mínimos no Sudeste; e a grande diferença da participação no orçamento de gastos com alimentação no domicílio entre as famílias da faixa de renda mais baixa (22,5%) e as de renda mais alta (9,4%) no Nordeste", acrescenta o Banco Central.

Segundo o estudo, a inflação de alimentos é mais elevada no Norte e no Nordeste, inclusive para a faixa de renda mais baixa. "[Isso] sugere algum efeito do auxílio emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade, mais significativo nessas regiões, sobre a demanda desses produtos", afirma o BC.

Por outro lado, acrescenta o estudo, "a inflação de serviços é mais baixa para a faixa de renda mais alta e, principalmente, no Sul e Sudeste, em parte, pela maior participação de itens como passagem aérea, transportes por aplicativos e hospedagem, que foram impactados pela menor mobilidade".

As principais contribuições para alta da inflação das famílias com renda entre 10 e 40 salários mínimos foram automóvel novo, em todas as regiões, e plano de saúde e alimentação fora do domicílio, no Brasil, com exceção do Norte. Entre os itens que mais pressionaram a inflação das famílias com rendimentos entre um e três salários mínimos no ano de 2020 estão cereais, leguminosas e oleaginosas e leites e derivados, em todas as regiões, e carnes.

Cartões de débito

Em outro estudo, com base em dados da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) de vendas com cartão de débito, o BC avalia que, "após o período de maiores restrições decorrentes da covid-19, a recuperação dos serviços mostra-se heterogênea tanto em relação aos segmentos como regionalmente".

A média diária das vendas com cartão de débito nesse segmento caiu de R$ 342 milhões em janeiro e fevereiro (período pré-pandemia) para R$ 102 milhões em abril, o pior mês da crise.

Desde então, há crescimento em todos os meses, explica o BC. Todavia, em outubro, a média diária, R$ 316 milhões, ainda é 7,6% menor que a dos dois primeiros meses do ano.

"A atividade com recuperação mais rápida foi a de cabeleireiro, lavanderias e outros serviços pessoais, que no mês de setembro já reverteram ao faturamento pré pandemia. A atividade de alimentação, que tem o maior peso no setor, está em trajetória crescente, mas, em outubro, ainda se encontra aproximadamente 7% abaixo do observado no primeiro bimestre", observa a pesquisa.

O BC acrescenta que as atividades culturais, de recreação e lazer possuem a retomada mais lenta (faturamento 53% abaixo do nível pré-pandemia), uma vez que grande parte desses serviços ainda não está funcionando normalmente na maioria dos estados.