Energia e tomate puxam inflação de maio
As altas da conta de luz e do tomate ajudaram a puxar a inflação do mês de maio, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE.
Para o consumidor, uma das poucas boas notícias foi a queda de mais de 20% no preço das passagens aéreas.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,74% no mês passado, 0,03 ponto percentual a mais que em abril (0,71%) e 0,28 ponto percentual acima da taxa do mesmo período do ano passado (0,46%).
Com isso, a alta de preços acumulada em 12 meses passou de 8,17% para 8,47%, quase dois pontos percentuais acima do teto da meta definida pelo Banco Central, de 4,5%, com uma banda de tolerância de 2 pontos para cima e para baixo.
O item energia elétrica foi o que mais puxou o índice para cima, tendo uma contribuição individual de 0,11 ponto percentual no IPCA de maio.
Em média, a conta de luz subiu 2,77% no mês passado. Em cidades como Recife, Salvador e Vitória, a alta passou dos 10%.
Como resultado, a tarifa de energia já acumula uma elevação de 41,94% neste ano e 58,7% nos últimos 12 meses.
Empresas estariam cortando viagens corporativas
O economista Marcel Caparoz, que acompanha os índices de inflação na RC Consultores, diz que dois fatores impulsionaram os reajustes dos últimos meses: de um lado, em função do clima seco, uma parte maior da energia consumida pelos brasileiros está sendo produzida por termelétricas, mais caras que as hidrelétricas.
Do outro, estaríamos assistindo a uma espécie de liberação dos preços represados nos últimos anos.
"Em 2012 o governo adotou uma estratégia de renegociação de contratos para tentar reduzir os custos de energia. O resultado, porém, foi uma desestabilização do setor", diz Caparoz. "A alta dos custos das distribuidoras foi coberta pelo setor público nos últimos anos, mas agora esse repasse ao consumidor tornou-se inevitável."
Alimentos
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, o que mais contribuiu para a elevação do IPCA do mês passado foi o de alimentação e bebidas, que subiu 1,47% e teve um impacto de 0,34 ponto no índice cheio.
O tomate subiu 21,38% e voltou a ser um "vilão da inflação", sendo o alimento que mais contribuiu para a alta (porque seu peso é relativamente grande na composição do índice).
A cebola, porém, também subiu 35,59% e já dobrou de preço desde o início do ano. E a cenoura ficou 15,9% mais cara em maio.
"No caso dos alimentos é claro que existe uma sazonalidade - alguns alimentos sobem neste mês, mas caem no próximo", diz Samy Dana, economista da Fundação Getúlio Vargas.
"Por outro lado, também já estamos vendo nesse grupo o impacto da alta do dólar que pressiona não só os preços dos alimentos importados, como o trigo, mas também dos exportados - porque os produtores podem vender seu produto para fora se os preços internos não forem atrativos."
O único grupo cujos preços caíram no mês passado foi o de transportes. A queda de 0,29% foi em parte resultado da variação dos preços das passagens aéreas, que ficaram 23,37% mais baratas no mês passado.
"Isso é provavelmente resultado do desaquecimento da economia", diz Caparoz.
"As empresas estão começando a reduzir as viagens corporativas de seus funcionários, para cortar gastos, e algumas famílias estão começando a pensar duas vezes antes de viajar. Se alguém corre o risco de ficar desempregado, por exemplo, é natural que prefira guardar dinheiro para se precaver."
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