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Existe fundo do poço para o preço do petróleo?

Grant Smith e Mark Shenk

08/01/2015 13h22Atualizada em 08/01/2015 19h38

8 de janeiro (Bloomberg) -- A queda do petróleo tem sido tão rápida e tão impulsionada pelo humor do mercado que analistas de instituições como Bank of America e UBS dizem que não há sinais claros a respeito de quando o preço deixará de cair.

Ontem o petróleo Brent ficou abaixo dos US$ 50 por barril, 57% menos que o pico de US$ 115,71 atingido em junho.

Analistas do UBS dizem que os investidores devem evitar o petróleo até que a "queda livre" tenha fim. Os traders estão ignorando distúrbios no abastecimento que normalmente elevariam os preços, disseram analistas do ABN Amro Bank.

Produtores de petróleo na guerra contra o xisto dos EUA

A queda do petróleo sofreu uma aceleração depois que a Arábia Saudita e outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiram, no dia 27 de novembro, manter seu teto de produção.

O grupo formado por 12 países está buscando proteger sua participação de mercado em vez dos preços do óleo, desafiando as perfuradoras da camada de xisto dos EUA e outras rivais com o objetivo de reduzir a produção delas em vez da sua.

"Não está claro que alguém possa dizer o nível mínimo ao qual o preço poderá chegar", disse Ed Morse, chefe global de pesquisa de commodities do Citigroup em Nova York, ontem por telefone.

"É sempre difícil apontar qual será o fundo. Os sauditas levaram a revolução do xisto a sério e estão agindo em relação a ela. Eles estão testando quanto do crescimento da produção pode ser reduzido pela queda dos preços", diz Morse.

Produção norte-americana em alta 

O petróleo caiu 48% no ano passado, maior porcentual desde a crise financeira de 2008, depois que os EUA começaram a bombear petróleo no ritmo mais rápido em mais de três décadas.

A produção americana subiu para 9,132 milhões de barris por dia na semana passada, mostraram dados da Administração de Informações Energéticas do país divulgados ontem.

O montante está próximo do total de 9,137 milhões de barris do período de sete dias até 12 de dezembro, nível mais alto registrado nos dados semanais, cuja série histórica começa em janeiro de 1983.

"O fundo do poço para o preço do petróleo é uma miragem", disse Eugen Weinberg, chefe de pesquisa de commodities do Commerzbank em Frankfurt, ontem por e-mail. "É mais importante, assim como durante a queda para US$ 30 por barril de cinco anos atrás, reconhecer que a queda é de uma opulência irracional e que os preços irão se recuperar".

Mercado está 'obcecado' pela ideia de excesso de oferta

O mercado está "obcecado" pela percepção de um excesso de oferta e os traders estão ignorando distúrbios como os causados pelos combates na Líbia, disse Hans van Cleef, economista para o setor de energia do ABN Amro em Amsterdã, por telefone no dia 6 de janeiro. 

Um navio petroleiro foi bombardeado na Líbia no dia 4 de janeiro, enquanto tanques de armazenamento em seu principal terminal portuário petroleiro foram explodidos no mês passado. A Líbia tem as maiores reservas de petróleo da África.

"Os preços continuam em queda livre", escreveu Giovanni Staunovo, analista do UBS em Zurique, ontem em um relatório. "Nós pensamos que é cedo demais para apontar um piso sólido de preços no curto prazo".

Existe um "risco crescente" de que o Brent caia para US$ 40 e o West Texas Intermediate, a referência nos EUA, para menos de US$ 35, disse Francisco Blanch, chefe de pesquisa de commodities do Bank of America em Nova York, ontem em um relatório.

Movimentos de mercado

O Brent subiu 30 centavos, para US$ 51,45 por barril às 11h48 de Cingapura na ICE Futures Europe, com sede em Londres. Ontem tocou os US$ 49,66, valor mais baixo registrado desde abril de 2009.

O petróleo West Texas Intermediate subiu 46 centavos, para US$ 49,1 por barril na negociação electrónica da New York Mercantile Exchange.

"A queda do preço foi muito rápida e foi longe demais para a situação-base", disse van Cleef, do ABN Amro. "O mercado está se concentrando apenas no negativo. É muito difícil ver uma alavanca que possa mudar o sentimento".