Hotel de 'Dirty Dancing' vai reencarnar como centro de ioga para ricos

(Bloomberg) - O histórico hotel, que fica no norte do Estado de Nova York e inspirou o filme "Dirty Dancing: ritmo quente", de 1987, vai passar a ser famoso pela posição de ioga do cachorro olhando para baixo.

Um bilionário indiano está transformando o Kutsher's Country Club, que em uma época foi um refúgio all-inclusive para judeus, em um centro de ioga de US$ 250 milhões para nova-iorquinos ricos.

Subhash Chandra, presidente do conselho do Essel Group, estava presente quando os trabalhos foram iniciados, neste mês, no retiro de quase 24.155 metros quadrados às margens de um lago nas montanhas de Catskill, a duas horas e meia de distância de carro da cidade.

O empreendedor do ramo da mídia, de 64 anos, herdou um legado da família Kutsher, que operou o hotel mais duradouro do "Cinturão Borscht" ou dos "Alpes judeus", um conjunto de resorts kosher que foi o ponto de partida da carreira dos comediantes Joan Rivers e Jerry Seinfeld.

"É óbvio", disse Chandra, que possui uma fortuna líquida de pelo menos US$ 2,8 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index, em uma entrevista no dia 19 de junho. "Esta é um sabedoria antiga que não se espalhou pelo mundo e que precisa ajudar a comunidade internacional".

O momento não é uma mera coincidência. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, amigo de Chandra, reivindicou em dezembro nas Nações Unidas que o dia 21 de junho --dia da cerimônia de lançamento da pedra fundamental-- seja reconhecido como o Dia Internacional da Ioga. O centro pretende abrir nesse mesmo dia, dentro de um ano.

Cinturas mais finas

Assim como Modi, Chandra viu uma oportunidade de usar a prática ancestral para dar uma nova marca à Índia e a si mesmo, e para entrar nos EUA. Chandra, cujo conglomerado Essel, com sede em Mumbai, é mais conhecido por sua emissora de televisão Zee Entertainment Enterprise, disse que os bilhões que podem ser gerados ajudando os americanos a terem um estilo de vida mais saudável sempre lhe pareceram óbvios.

Embora seja difícil encontrar cifras atualizadas, uma pesquisa de 2012 disse que 20,4 milhões de americanos praticavam ioga. Por volta de 2020, o setor de ioga e pilates deve crescer a uma taxa anualizada de 4% para US$ 8,8 milhões, de acordo com um relatório publicado em março pela empresa de pesquisa de mercado IBISWorld.

Chandra, que pratica ioga e meditação diariamente, não é o único a perceber o potencial de reduzir o corpanzil de um país com altas taxas de obesidade.

Na Fitbit, que fabrica aparelhos de vestir para monitorar atividades físicas, as vendas quase triplicaram no ano passado. A Mindbody Inc., que tem sede em San Luis Obispo, California, e vende software de administração de empresas ao setor de beleza e bem-estar, arrecadou cerca de US$ 100 milhões neste mês em uma abertura de capital.

Chandra, nascido no distrito de Hisar, no norte da Índia, espera que o centro gere uma receita anual de US$ 100 milhões por volta de 2019. Ele pretende abrir outros cinco centros nos EUA nos próximos dez anos.

Amor de férias

O hotel abriu em 1907 como um destino econômico principalmente para os judeus asquenazes que imigraram para fugir da guerra na Europa e foram banidos dos destinos de férias exclusivamente não judeus.

O nome "Cinturão Borscht" faz referência à sopa ucraniana de beterraba, popular entre os judeus, e é um jogo de palavras com o "Cinturão bíblico", região dos Estados Unidos onde a prática da religião protestante faz parte da cultura local.

Por um preço fixo, as famílias podiam se empanturrar em rodízios kosher, jogar shuffleboard, tênis, golfe e nadar. Ou, como ''Baby'' Houseman, a protagonista de "Dirty Dancing", se apaixonar pelo instrutor de dança do resort.

No entanto, quando os voos e o ar-condicionado moderno se tornaram mais acessíveis na década de 1960 --época em que se situa a história de amadurecimento de Baby-- o declínio se instalou.