Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Keppel vê incerteza aumentar com adiamento reunião Sete Brasil

Kyunghee Park e Jonathan Burgos

22/01/2016 12h05

(Bloomberg) -- As incertezas da Keppel a respeito do mercado de plataformas de petróleo deverão continuar depois que uma importante cliente brasileira, a Sete Brasil, com contas atrasadas há mais de um ano, adiou uma reunião sobre reestruturação.

A Sete Brasil decidiu adiar a reunião, disse um assessor de imprensa da empresa, em comunicado enviado por email na quinta-feira. Não foi programada uma nova data.

O adiamento ocorreu depois que a Keppel, a maior construtora de plataformas de petróleo do mundo, disse na quinta-feira que parou de trabalhar no quarto trimestre em projetos para a Sete. A empresa com sede em Cingapura teve baixa contábil de US$ 230 milhões de Cingapura (US$ 160 milhões) referente aos projetos inadimplentes quando informou seus lucros na quinta-feira.

As discussões da Sete Brasil giram em torno dos planos para uma reestruturação ou um pedido de recuperação judicial depois que a queda dos preços do petróleo reduziu a demanda por seus equipamentos de perfuração. O trabalho de construção de quatro semissubmersíveis encomendados pela Sete Brasil, que também está envolvida em uma investigação de corrupção, avançou menos de 4 por cento por trimestre no ano passado, disse a Keppel, na quinta-feira.

"A Keppel, uma das primeiras empresas de Cingapura a entrar no mercado brasileiro, não foi poupada dessa tempestade", disse o CEO Loh Chin Hua. "Tivemos que adotar medidas para mitigar nossa exposição diminuindo o ritmo de construção das plataformas da Sete depois que os pagamentos da nossa cliente foram interrompidos há mais de um ano".

Surpresa

A Keppel informou que o lucro do quarto trimestre caiu de 726 milhões de dólares de Cingapura para 405 milhões de dólares de Cingapura e que vários projetos com entregas programadas para 2015 foram adiados para este ano. Ainda assim, o resultado superou a projeção média de lucro de 392 milhões de dólares de Cingapura, segundo a média de seis estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.

Os resultados foram uma "surpresa positiva", escreveu Royston Tan, analista da Daiwa Securities. Tan elevou a ação de hold para outperform após os resultados, dizendo que a recente queda forte das ações foi exagerada.

"Embora a quantidade de possíveis cancelamentos de encomendas seja significativa, o impacto nos lucros é pequeno", escreveu Tan.

As ações da Keppel subiram 4,6 por cento nesta sexta-feira, para 5,02 dólares de Cingapura. Os papéis estão em baixa de 23 por cento desde o início do ano, registrando assim o terceiro pior desempenho do índice Straits Times, que caiu 11 por cento.

Queda do petróleo

A Keppel e sua concorrente Sembcorp Marine enfrentam o risco de os clientes pedirem mais adiamentos e cancelamentos de entregas e de que as novas encomendas desapareçam depois que os preços do barril do petróleo caíram para menos de US$ 30 pela primeira vez em mais de uma década.

A Sete Brasil entrou em dificuldades financeiras quando não conseguiu um financiamento de longo prazo em meio a acusações de pagamentos de propinas à sua única cliente, a Petrobras. Os credores rolaram os empréstimos da Sete Brasil várias vezes desde outubro de 2014 para ajudar a manter a empresa funcionando, segundo pessoas informadas sobre o assunto.

A Sete Brasil está entre as mais de 12 empresas atingidas pela investigação de corrupção na Petrobras, que já dura 22 meses, cujo impacto na Ásia está sendo sentido além dos estaleiros de Cingapura. A japonesa Kawasaki Heavy Industries disse em 14 de janeiro que vai registrar uma baixa contábil de 22,1 bilhões de ienes (US$ 188 milhões) e que deverá cortar as projeções para o ano fiscal. Há mais de um ano que seu empreendimento brasileiro não é pago por causa dos problemas de corrupção, disse a empresa japonesa.