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Sucden acredita que recuperação do açúcar foi 'prematura'

Isis Almeida

03/02/2016 15h16

(Bloomberg) - A recuperação dos preços do açúcar no ano passado foi "prematura", já que o aumento da produção no Brasil e na União Europeia significa que o mercado mundial voltará a entrar em equilíbrio na próxima temporada, de acordo com a Sucres et Denrées.

"As ofertas de açúcar equivalerão à demanda no ano fiscal que começará no dia 1º de outubro, acabando com a escassez de 2 milhões de toneladas registrada nesta temporada", disse Auke Vlas, diretor comercial da empresa conhecida como Sucden. E completa: "Os fundos que geraram apostas otimistas no açúcar no ano passado contando com os déficits da oferta, se precipitaram".

As usinas da região Centro-Sul do Brasil, principal área de cultivo do maior produtor mundial, vão gerar 12 por cento mais açúcar na temporada de 2016-17, enquanto que a produção na Europa aumentará 22 por cento, estima a Sucden. Os fundos que fizeram com que as apostas otimistas chegassem perto de um recorde antes de meados de dezembro, o que ajudou os preços a subirem 18 por cento no quarto trimestre, agora estão tendo que vender.

"Os fundos chegaram ao quase excessivo recorde de 200.000 lotes neste ambiente de mercado e é provável que isso não se justifique", disse Vlas em uma entrevista na terça-feira na Dubai Sugar Conference, um evento privado para 400 líderes do setor. "O mercado está dizendo a eles que foi cedo demais e, talvez, rápido ou grande demais, e eles vêm liquidando".

Redução das apostas

Os futuros negociados em Nova York despencaram 15 por cento neste ano, para 12,99 centavos de dólar por libra, porque os fundos reduziram as apostas otimistas em 32 por cento em relação ao pico registrado no ano passado, de acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA. Na semana finalizada no dia 8 de dezembro, especuladores grandes e pequenos, excetuando-se fundos de índices, mantiveram uma posição comprada de 217.808 contratos, perto do recorde de 2008.

A produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil, a principal região produtora, aumentará para 34,3 milhões de toneladas porque a desvalorização do real faz com que as usinas dessem preferência a esse produto em detrimento do etanol, segundo Vlas. A produção da UE aumentou 22 por cento, para 17 milhões de toneladas, antes da abertura do mercado em 2017.

"Por que a abundância volta?", perguntou Vlas. "Entre o Brasil e a UE, adicionam-se de 6 milhões a 7 milhões de toneladas e eu diria que essas estimativas são bastante conservadoras".

Clima na Índia

O clima seco do ano passado significou que os produtores da Índia, segundo maior produtor do mundo, plantaram menos cana-de-açúcar do que vão colher em 18 meses. Embora estime-se atualmente que a produção será 2 milhões de toneladas menor, totalizando 23,5 milhões de toneladas, a safra dependerá de plantações mais novas, das monções e da disponibilidade de água. Os preços também poderiam aumentar se as chuvas atrasarem a colheita no Brasil, disse Vlas.

O açúcar continuará volátil neste ano e será negociado entre 11,5 e 16 centavos de dólar por libra, de acordo com Vlas. O patamar mais baixo se aproxima do preço em que as usinas brasileiras dão preferência ao etanol e está perto do custo de produção no país. No topo da faixa, o Brasil fabrica mais açúcar e talvez seja atraente para a Índia exportar, disse ele.

"Estou no campo da volatilidade porque agora estamos dizendo 'E então, é excedente ou déficit?'", indagou ele. "Em algum ponto, o consumo deve acompanhar. Todos estão esperando por esse momento e o mercado está claramente ficando mais nervoso em relação a isso".