Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Ferro pode recuar porque demanda chinesa 'não parece boa'

Jasmine Ng

16/02/2016 13h55

(Bloomberg) -- A recuperação do minério de ferro que elevou os preços ao nível mais alto desde novembro poderá ser desfeita pelo enfraquecimento da demanda chinesa por aço e pelo fato de as mineradoras continuarem empreendendo esforços para reduzir custos, segundo a Sucden Financial.

"Não consideramos que essa recuperação seja sustentável a longo prazo", disse o analista Kash Kamal, por email, em resposta a perguntas.

"A demanda pelo aço caiu fortemente e, com a indústria doméstica lutando com o excesso de capacidade e de oferta, a perspectiva de longo prazo para a demanda do minério de ferro não parece boa".

O minério de ferro caiu nos últimos três anos porque a crescente oferta de baixo custo coincidiu com o enfraquecimento da demanda por aço na China em meio à desaceleração econômica do país, gerando uma abundância global.

Na segunda-feira, a matéria-prima subiu, unindo-se a avanços do níquel e do cobre, depois que o presidente do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, tranquilizou investidores preocupados com uma possível nova desvalorização do yuan, o que reforçou as ações internacionais no retorno da China após uma semana de recesso.

"Os dados básicos pessimistas continuarão pesando sobre a perspectiva de longo prazo", disse Kamal, ressaltando os estoques elevados nos portos da China. "As mineradoras levarão adiante os programas de cortes de custos".

Os estoques nos portos chineses subiram para 95,5 milhões de toneladas em 14 de fevereiro, contra 92,85 milhões de toneladas em 4 de fevereiro, último dia útil antes do recesso de uma semana pelo ano-novo lunar, segundo a Shanghai Steelhome Information Technology. É o nível mais alto registrado desde maio.

Saltos no preço

O minério com 62% de conteúdo entregue em Qingdao avançou 1,1% na terça-feira (16), para US$ 46,78 a tonelada, nível mais elevado registrado desde 16 de novembro, segundo a Metal Bulletin.

A commodity atingiu um piso de US$ 38,30 em dezembro, nível mais baixo dos preços diários de maio de 2009 para cá.

Nem todos preveem um retorno para preços mais baixos.

O salto recente foi impulsionado pelo reabastecimento das siderúrgicas para a primavera, que começou para valer, segundo Melinda Moore, diretora de cobertura de cliente do ICBC Standard Bank, para quem uma recuperação acima de US$ 50 por tonelada é possível.

Melinda disse que os ganhos podem ser respaldados pela perda de produção das operações da Samarco Mineração no Brasil, que foram suspensas no ano passado após o rompimento de uma barragem.

As toneladas adicionais oriundas de novos projetos, incluindo o Roy Hill, da Austrália, "ainda estão longe de compensar a diferença líquida perdida", disse ela. A queda nos estoques para 80 milhões a 85 milhões de toneladas empurraria o mercado mais para perto do equilíbrio e ajudaria a sustentar os preços, disse ela.

A abundância global da matéria-prima transportada em navio é estimada em 45,8 milhões de toneladas neste ano e em 34,1 milhões de toneladas em 2017, segundo o Morgan Stanley.

O banco projetou em um relatório, na semana passada, que a produção expandida das maiores mineradoras, como as australianas Rio Tinto Group e BHP Billiton, manterá o excesso de oferta no mercado mesmo que parte da capacidade de alto custo seja eliminada.

As ações das mineradoras subiram em Sidney na terça-feira em meio a uma alta das ações de toda a região. A Rio Tinto estava em alta de 2,3% após subir 4,3% na segunda-feira, a BHP ganhava 3,8% e a Fortescue Metals Group apresentava uma elevação de 10%. As três empresas são as maiores exportadoras da Austrália.