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Startups conquistam geração Y e roubam espaço de Wall Street

Julie Verhage

22/02/2016 14h21

(Bloomberg) -- Dos robôs-assessores aos fundos de índices básicos, tem sido particularmente difícil para os gestores de recursos de Wall Street entender a geração Y.

Segundo uma nota da corretora ConvergEx, a estrutura atual de gestão de recursos nunca irá funcionar com essa faixa etária, e o Vale do Silício, com sua variedade de startups de tecnologia financeira, está colhendo os benefícios.

"É preciso ver isso como alguém de verdade da geração Y: o atual modelo de negócio da gestão de riquezas de Wall Street é tão relevante para o meu grupo quando a TV a cabo e as linhas de telefone fixo. E não, não nos aproximaremos mais adiante quando eventualmente tivermos alguns dólares para investir", disse Jessica Rabe, pesquisadora associada da empresa.

"A linguagem técnica do setor de gestão de riqueza e as práticas desatualizadas não atraem a minha geração, sem contar os altos valores mínimos de investimento em face da dívida estudantil recorde. Enquanto os bancos tradicionais oferecem serviços insuficientes, há uma série de empresas de tecnologia financeira que preenchem o vazio com aplicativos relevantes", completou.

Bem no estilo do Vale do Silício, suas empresas entraram no jogo para preencher uma lacuna no mercado e aqui estão as startups com as quais Wall Street mais teria a aprender, segundo Jessica.

As duas que fazem o melhor trabalho em termos do que ela chama de "assessoria de investimento baseada em metas" são a FinMason e a iQuantifi. A primeira tem um aplicativo gratuito que pode ajudar um investidor a entender como seu portfólio poderia se sair em diferentes cenários, monitorando também o progresso da meta para a aposentadoria. O segundo custa apenas US$ 89 por ano e pode ajudar na hora de decidir quanto economizar em prol de um objetivo específico e quais fundos mais poderiam contribuir para alcançá-lo.

Se alguém está procurando um negócio que não seja supercomplexo no tocante a tarifas e entendimento geral do produto, a StashInvest e a Kapitall Generation lideram o grupo, segundo a ConvergEx.

A Stash perguntará a respeito das informações financeiras atuais, assim como a tolerância ao risco, antes de dar sugestões sobre onde investir. A Kapitall é outra plataforma de negociação que oferece pontos para determinadas ações que podem ser resgatados para transações sem comissão.

Por último, a Acorns Advisers e a Clink Savings facilitam a vida dos usuários na hora de economizar, mesmo que se trate apenas de investir os trocados que sobram em ações. A Acorns, por exemplo, pega o troco das compras feitas com cartões de crédito e débito e os coloca em um portfólio. Embora custe US$ 1 por mês, os estudantes podem usar o aplicativo gratuitamente.

Por sua vez, a Clink atua de forma similar às contribuições automáticas que os empregados fazem aos seus planos 401K nos EUA: os usuários podem fazer contribuições diárias, semanais ou mensais para um portfólio. Atualmente a Clink não cobra tarifas.

Levando tudo isso em conta, Jessica disse que os maiores pontos a destacar são que os limites de investimento mínimo talvez precisem ser reduzidos devido a fatores como empréstimos estudantis, que Wall Street deveria começar a falar o idioma da geração Y e que o processo de gestão de recursos precisa estar em consonância com aqueles que têm um estilo de vida agitado.

É claro, a geração Y pode mudar de ideia se essas startups começarem a elevar os preços ou a cobrar outros tipos de tarifa assim que o objetivo de manter um fluxo de caixa positivo se tornar mais importante que o atual modelo de "crescimento a todo custo". Essas empresas também não existiam durante a última grande crise financeira, por isso será interesse ver como elas se saem durante a próxima crise. Se os portfólios começarem a cair, a geração Y poderia querer ter um gestor de riqueza profissional do outro lado da linha para guiá-la durante a turbulência.

Ainda assim, a ConvergEx está convencida do valor dessas empresas.

"Estas estratégias são vencedoras porque ajudam a guiar a geração Y ao longo do processo de investimento atendendo a suas finanças, necessidades e interesses atuais", conclui Jessica. "Os bancos deveriam prestar atenção às ideias dessas tecnologias inovadoras para atrair a geração Y em breve".