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Banco de investimento do Barclays enfrenta desafio na África

Stephen Morris

29/02/2016 12h52

(Bloomberg) -- Prestes a anunciar o destino dos negócios africanos do Barclays, o CEO Jes Staley precisa convencer os investidores de que é capaz de melhorar os lucros do banco de investimento no momento em que a queda da receita com negociações abate o setor.

Staley está inclinado a manter a unidade de títulos sem buscar uma grande reestruturação, nem dividir o negócio, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram anonimato antes de sua apresentação de terça-feira. Ele provavelmente vai expor planos para abandonar o negócio do banco na África e seus 50 bilhões de libras (US$ 70 bilhões) em ativos, segundo uma pessoa informada sobre a decisão. O banco disse em um comunicado, no domingo, que seu conselho ainda está avaliando as opções para a unidade africana.

"Estamos vendo um clima terrível, ou seja, independentemente do que Staley anunciar, restarão dúvidas", disse Chris Wheeler, analista da Atlantic Equities em Londres. "Se Jes busca uma recuperação de sua estratégia, ela precisa ser muito controlável e as únicas opções são cortar custos e reduzir o capital alocado no banco de investimento".

O Barclays tem quatro divisões principais: duas unidades do Barclaycard e de banco pessoal e corporativo, que têm retornos estáveis de mais de 10 por cento; o negócio africano, que foi atingido pelo crescimento econômico lento e pela queda do rand sul-africano; e o banco de investimento, que tem os retornos mais baixos dos quatro.

Staley já reduziu essa última unidade, anunciando um corte de 1.200 empregos, a saída de sete países da Ásia, a imposição de um congelamento às contratações e a redução do fundo de bonificações para restringir os custos. As medidas, até o momento, não foram suficientes para frear uma queda de dois anos nas ações, que deixou o banco sendo negociado a 50 por cento menos que seu valor contábil. Com essa avaliação em seu nível mais baixo em mais de três anos, há muito em jogo em relação à atualização estratégica de Staley, além dos resultados de ano cheio.

Concorrentes em dificuldades

O presidente do conselho, John McFarlane, demitiu o ex-banqueiro de varejo Antony Jenkins do cargo de CEO em julho, culpando-o pelo ritmo lento de reestruturação, e instalou no cargo Staley, que administrou o maior banco de investimento do mundo no JPMorgan Chase Co.

Staley já viu a dificuldade de seus rivais europeus para reestruturar suas divisões de ativos em meio aos mercados voláteis de dívida e ações. O Deutsche Bank, que apresentou um plano em outubro para reduzir pela metade seu número de clientes do banco comercial e de investimento, perdeu quase 30 por cento de seu valor de mercado até esta altura do ano e tem procurado acalmar os medos em relação à sua capacidade de honrar as dívidas. O Credit Suisse Group acelerou as reduções de pessoal depois que os prejuízos comerciais geraram resultados piores que os previstos no quarto trimestre.

Queda das negociações

O ano passado foi o pior das negociações de renda fixa desde 2008, segundo a empresa de pesquisa Coalition Development. O JPMorgan disse na semana passada que a receita com trading tinha caído 20 por cento até esta altura de 2016 e que as tarifas de banco de investimento provavelmente cairão cerca de 25 por cento neste trimestre em meio à turbulência do mercado.

"A atual fragilidade do mercado está levando a uma reestruturação mais rápida no Credit Suisse e no Deutsche Bank por causa do estresse que estão passando", disse Paul Dilworth, gerente de investimento da Kames Capital, empresa de renda fixa com sede em Edimburgo que administra cerca de 55 bilhões de libras, incluindo bonds do Barclays. "Isso validou a decisão de McFarlane de se livrar de Jenkins e trazer Staley quando ele o fez, porque o que eles realmente precisam é alguém mais informado sobre bancos de investimento e que entenda como redistribuir capital e quais negócios eles deveriam fechar".