Com rebaixamento à vista, África do Sul pode emitir eurobonds
(Bloomberg) -- Este pode ser o melhor momento para a África do Sul vender eurobonds pela primeira vez em quase dois anos.
O ministro das finanças, Pravin Gordhan, viajou ao Reino Unido e aos EUA nesta semana para tranquilizar investidores e agências de classificação a respeito de seu compromisso para cumprir as metas fiscais. A viagem foi classificada como uma "turnê sem acordos", mas há quem diga que se abriu uma oportunidade, mesmo que a Moody's Investors Service tenha sinalizado que poderá cortar a classificação de crédito do país para um nível acima do grau especulativo.
O governo disse no mês passado que planejava captar até US$ 1 bilhão nos mercados internacionais antes do final de março se as condições de mercado permitissem. Isso promoveria estabilidade em vez de yields mais baixos, disse Tshepiso Moahloli, chefe de gestão de passivos do Tesouro, em 24 de fevereiro. Desde então, a volatilidade do rand caiu, e o prêmio que os investidores exigem para manter dívidas em dólares da África do Sul em vez de títulos do Tesouro dos EUA chegou a despencar 40 pontos-base, atingindo o nível mais baixo desde meados de dezembro, quando o presidente Jacob Zuma irritou os mercados ao demitir seu ministro das finanças.
"No papel, foi uma turnê sem acordos. Mas, considerando o rali recente, se eles sentirem que serão rebaixados neste ano, não me surpreenderia se emitissem nas próximas semanas", disse Claudia Calich, gestora de recursos da M&G, que tem sede em Londres e administra cerca de US$ 1 bilhão em dívidas de mercados emergentes, após participar de uma das reuniões. "Seria bom eles emitirem logo, especialmente porque os diferenciais não são grandes e os yields dos títulos do Tesouro ainda estão baixos. É preciso considerar também que eles provavelmente serão rebaixados neste ano, só não se sabe em quanto".
A possível venda denominada em dólar da África do Sul seria apenas a oitava de um país em desenvolvimento neste ano. A emissão internacional em dólares por países emergentes neste ano está em baixa de 56 por cento em relação ao período correspondente de 2015, segundo dados compilados pela Bloomberg, em um momento em que a perspectiva de aumento das taxas de juros nos EUA afasta o capital dos ativos de risco mais elevado.
A África do Sul vendeu bonds em dólares pela última vez em julho de 2014, quando emitiu US$ 1 bilhão em títulos com vencimento em 2044 com um diferencial de 220 pontos-base acima dos títulos do Tesouro dos EUA comparáveis. Desde então, o diferencial aumentou para 318 pontos-base, sugerindo que os custos dos empréstimos do país subiriam em uma venda neste mês. A favor da África do Sul há um coeficiente relativamente baixo de dívida externa e produto interno bruto, de apenas 5,4 por cento, contra 33 por cento da Turquia.
A economia mais industrializada da África corre o risco de perder seu status de grau de investimento, e projeta-se que o crescimento vai desacelerar para menos de 1 por cento neste ano. A confiança também não se recuperou desde que Zuma decidiu, em dezembro, colocar o pouco conhecido parlamentar David van Rooyen no cargo de ministro das finanças, o que fez com que o rand e os bonds despencassem devido à preocupação dos investidores em relação a seu comprometimento com as metas fiscais. Zuma voltou atrás quatro dias depois, renomeando Gordhan para o cargo que ele ocupou de 2009 a 2014.
Arrocho fiscal
Na terça-feira, a Moody's colocou a classificação Baa2 da África do Sul sob revisão, dizendo que poderia rebaixar a avaliação se visse sinais de que as autoridades não estão comprometidas com o arrocho fiscal. O rebaixamento pela Moody's mudaria sua classificação para um nível acima de junk, patamar equivalente ao aplicado pela Standard Poor's, que mantém uma perspectiva negativa para o país e reavaliará sua classificação em junho, e pela Fitch Ratings.
"Os investidores continuam muito preocupados com a política e o ponto de vista deles não está mudando, devido à inevitabilidade do rebaixamento", disse Peter Attard Montalto, economista da Nomura International em Londres, que disse conversou com investidores que participaram das reuniões. "Esta viagem, contudo, ajudará a realizar uma emissão de bonds sem que se pague muito por isso. Eles vão querer emitir alguma coisa antes da atualização das classificações, em junho".
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