Andrade Gutierrez é última peça para Eletrobras calcular perdas com corrupção
(Bloomberg) -- Um ano após a Petrobras realizar perda contábil de US$ 2,1 bilhões devido ao escândalo da Lava Jato, outra empresa estatal está mais próxima de divulgar o prejuízo total causado pela corrupção.
O time de advogados e especialistas contratado pela Eletrobras concluiu a maior parte de sua investigação para calcular o tamanho das perdas com possíveis atos de corrupção cometidos por algumas construtoras que a empresa contratou, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto que pediu anonimato porque não está autorizada a falar publicamente. Antes de terminar o relatório a equipe ainda espera uma última peça no quebra-cabeça: a delação feita no mês passado dos executivos da Andrade Gutierrez, empreiteira responsável por projetos importantes, como a hidrelétrica de Belo Monte na Amazônia e a usina nuclear de Angra no Rio de Janeiro, disse a pessoa.
Esses testemunhos devem vir a público nas próximas semanas, assim que o STF homologar a delação enviada pelos promotores nesta semana, disse outra pessoa com conhecimento direto do processo. Os executivos, que admitiram o pagamento de propinas para conseguir contratos lucrativos com a Petrobras, fecharam acordos de delação premiada para testemunhar sobre pagamentos de propinas em outros projetos, inclusive na Eletrobras, disseram duas pessoas. A assessoria de imprensa da Andrade Gutierrez preferiu não comentar.
Enquanto o esquema de corrupção na Petrobras explodiu publicamente e recebeu cobertura quase diária de todos os grandes jornais do Brasil e estrangeiros, a saga que se desenrola em seu par do setor elétrico se dá basicamente fora dos holofotes internacionais. A Lava Jato ajudou a colocar o Brasil em sua pior recessão em um século e paralisou as instituições políticas do país.
A assessoria de imprensa da Eletrobras, no Rio de Janeiro, onde a empresa tem sede, não respondeu aos pedidos de comentário.
No mês passado, quase uma dezena de executivos da Andrade prestou depoimento durante cinco dias e pelo menos dois deles descreveram um esquema ilegal de subornos em projetos energéticos como Belo Monte, que é controlado por uma unidade da Eletrobras, disse uma das pessoas. Segundo o depoimento, as construtoras concordaram em pagar propinas equivalentes a 1 por cento do projeto de R$ 15 bilhões (US$ 4,2 bilhões), que depois teriam sido encaminhadas ao PT e ao PMDB na forma de doações oficiais, disseram as pessoas. O PT e o PMDB negaram diversas vezes qualquer acusação de irregularidade.
A equipe jurídica da Eletrobras, liderada pelo escritório de advocacia britânico-americano Hogan Lovells e pelo escritório brasileiro WFaria Advogados, está correndo contra o relógio para fixar um valor para a corrupção. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) estabeleceu um prazo final até 18 de maio para a entrega do relatório financeiro anual de 2014 da Eletrobras, bastante atrasado. A empresa de energia adiou a entrega em três oportunidades desde abril de 2015 depois que sua auditora, a KPMG, se recusou a assinar o relatório completo a menos que as baixas contábeis
relacionadas à corrupção fossem incluídas, disse uma das pessoas.
Embora a Eletrobras tenha o objetivo de cumprir o prazo de 18 de maio, qualquer nova alegação dos executivos da Andrade Gutierrez poderia forçá-la a pedir mais tempo para investigar mais o assunto, disse uma das fontes.
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