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FMI rejeita consenso e prevê queda da inflação da Argentina

David Biller

12/04/2016 16h16Atualizada em 13/04/2016 20h42

(Bloomberg) -- A inflação da Argentina cairá para o teto de sua faixa meta até o final do ano, segundo o Fundo Monetário Internacional. O banco mostra mais otimismo que a maior parte dos economistas.

A inflação cairá e atingirá o teto de 25% da faixa meta da Argentina até o final do ano, disse o FMI em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial, publicado nesta terça-feira. A taxa é mais baixa que as estimativas de todos os economistas consultados pela Bloomberg, com exceção da fornecida pela consultoria Pantheon Macroeconomic Advisors, que mantém a mesma projeção do FMI. A mediana das projeções dos economistas aponta que os preços ao consumidor subirão 34,2% neste ano.

As autoridades argentinas participarão da reunião de primavera do FMI nesta semana, em Washington, poucos meses após Mauricio Macri assumir a presidência no segundo maior país da América do Sul. Macri está buscando reformular a agência de estatísticas que, no governo anterior, subestimava os aumentos de preços e foi censurada pelo banco multinacional. O governo Macri sinalizou que a redução da inflação é uma das prioridades para a reconstrução da confiança.

O banco central da Argentina tem procurado frear a inflação aumentando as taxas de juros sobre notas de curto prazo para até 38%. Com a política monetária mais apertada, a inflação provavelmente já chegou ao seu pico, disse o presidente do banco, Federico Sturzenegger, em entrevista no Bloomberg Argentina Summit, em 4 de abril.

Os preços ao consumidor subiram 36% no período de 12 meses até fevereiro, segundo um índice compilado pela província de San Luis. O governo Macri está usando esse indicador enquanto reformula a agência nacional de estatística.

Os dados econômicos divulgados pela Argentina são questionados desde 2007, quando o então presidente Néstor Kirchner substituiu os principais funcionários da agência nacional de estatísticas. Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, censurou a Argentina em 2013 por fornecer números duvidosos.

A Argentina mira uma inflação de 17% em 2017. O FMI projeta que a inflação excederá esse nível, caindo apenas para 20%, patamar alinhado à mediana das projeções dos economistas consultados pela Bloomberg.

Desaceleração do crescimento

Em seu relatório, o FMI reduziu sua perspectiva econômica de 2016 para a América Latina e o Caribe para uma recessão de 0,5%, contra um declínio de 0,3 por cento em janeiro. Isso se deve, em grande parte, a uma projeção de recessão mais profunda no Brasil, que o banco agora estima que registrará uma contração de 3,8% -- aproximadamente o mesmo de 2015.

A projeção mais baixa para a maior economia da América Latina decorre das incertezas domésticas que continuam limitando a capacidade do governo de formular e executar políticas, segundo o relatório.

O FMI projeta que o México crescerá 2,4% neste ano, contra uma perspectiva anterior de 2,6%. Sua projeção de que a Argentina terá uma contração de 1% permaneceu inalterada e o FMI informou que o esforço para corrigir desequilíbrios macroeconômicos e distorções microeconômicas melhorou as perspectivas de crescimento de médio prazo no país.

O FMI reduziu sua projeção de crescimento para o Chile de 2,1% para 1,5% devido aos preços mais baixos do cobre e às condições financeiras mais estritas. O banco projeta crescimento de 3,7% no Peru, contra 3,3% anteriormente -- este foi o único aumento do FMI nas projeções de crescimento entre os principais países latino-americanos.