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Consumidores nos EUA, Índia impulsionam demanda por gasolina

Mark Shenk e Javier Blas

20/04/2016 09h59

(Bloomberg) -- Esqueça a Opep na hora de elevar os preços do petróleo.

Em vez disso, pense na pouco econômica picape Ford F150, que liderou as vendas de veículos nos EUA no ano passado. E na scooter Honda Activa, moto mais vendida na Índia, onde a demanda está crescendo. Se tem alguém que vai salvar o mercado do petróleo são eles.

Após o fracasso do acordo entre os países produtores para congelar a produção de petróleo, no último fim de semana, os investidores em energia otimistas deveriam olhar para a gasolina como o principal motor. Da Índia aos EUA, o consumo de gasolina está crescendo, impulsionado pelo fato de os consumidores estarem comprando mais e maiores veículos -- e dirigindo mais do que nunca.

"Está tão barato que impulsiona a demanda", disse Mike Loya, executivo sênior da Vitol Group, maior trader independente de petróleo do mundo, em Houston.

Neste ano, o uso global diário de gasolina subirá em 600.000 barris e responderá por metade do aumento da demanda por petróleo, segundo a Agência Internacional de Energia, com sede em Paris. A fatia é maior que em 2015, quando a gasolina respondia por 44 por cento do total.

Após aumentar 2,7 por cento em 2015, a projeção é que a demanda americana por gasolina suba 1,4 por cento neste ano, para 9,29 milhões de barris por dia, igualando o pico de 2007, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA.

'Estrela da demanda'

"A gasolina continua sendo a grande estrela da demanda global por petróleo", disse Matthew Parry, analista da AIE em Paris que monitora os padrões de consumo. Contudo, ele alertou que o crescimento "galopante" de 2015 perdeu força.

Enquanto isso, os consumidores agem como se os preços baixos fossem permanentes.

A F-150 2015, que faz apenas 5,5 quilômetros por litro, foi o veículo mais vendido nos EUA no ano passado, segundo o site GoodCarBadCar.net, que monitora as vendas. Na Índia, as vendas de motos scooters ultrapassaram as 450.000 unidades em março e cresceram cerca de 31 por cento nos últimos 12 meses, segundo a Sociedade Indiana de Fabricantes de Automóveis.

Para empresas de refino como a Valero Energy, a maior dos EUA, e a Reliance Industries, que opera a maior refinaria do mundo, em Jamnagar, Índia, o salto da gasolina está engordando as margens em um momento em que o setor de energia enfrenta dificuldades devido aos baixos preços. Desde janeiro de 2015, os futuros da gasolina em Nova York subiram mais de 2 por cento, contrastando com uma queda de mais de 20 por cento do petróleo West Texas Intermediate, referência nos EUA. O WTI era negociado a US$ 40,34 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York às 8:23 desta quarta-feira.

Com a queda da taxa de desemprego e o fortalecimento da economia, as vendas de veículos nos EUA se recuperaram e atingiram níveis vistos pela última vez antes da crise financeira global e os motoristas estão dirigindo mais do que nunca, segundo dados do Departamento de Transporte do país. Os números contrariam as expectativas de que a demanda cederia após 2007 porque carros mais eficientes e menores limitariam o consumo. A taxa de desemprego dos EUA caiu para 4,9 por cento em janeiro, nível mais baixo em quase oito anos.

Recordes indianos

Na Índia, a demanda por gasolina está batendo recordes, o que gera comparações com a explosão do crescimento do consumo de petróleo na China na primeira etapa do século.

A frota de veículos da Índia dobrou entre 2007 e 2015, transformando a economia asiática no sexto maior mercado automotivo do mundo, segundo Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da consultoria Energy Aspects, com sede em Londres.

Neste ano, o consumo diário de gasolina na China crescerá em 218.000 barris, respondendo por 65 por cento da demanda total por petróleo, um volume maior que o de 213.000 barris por dia do ano passado, quando o combustível respondia por 31 por cento da demanda total, segundo a AIE.