Buffett ataca fundos de hedge que estão na pior e taxas
(Bloomberg) -- A principal dica de investimento de Warren Buffett: cuidado com as taxas.
Durante a assembleia anual de sua Berkshire Hathaway, o bilionário alertou sobre o risco permanente dos derivativos, defendeu ações em sua carteira e sinalizou que algumas das maiores subsidiárias da empresa enfrentam obstáculos.
Mas ele reservou um bom tempo do evento no fim de semana para recomendar novamente que os investidores dispensem gestores de recursos e consultores caros.
Depois de dizer aos acionistas que iria oferecer "provavelmente a lição de investimento mais importante do mundo", ele afirmou que as forças de vendas de Wall Street ocultaram taxas de retorno fracas durante anos.
Para o bilionário, consultores direcionaram fundos de pensão e outras entidades para gestores que cobram comissões altas e que, de forma agregada, entregaram desempenho inferior do que os investidores teriam obtido se tivessem aplicado em fundos de índices e "ficado sentados no próprio traseiro". Esses arranjos "consomem capital loucamente", acrescentou.
Buffett estava desenvolvendo um argumento que já repete há alguns anos. Para ele, apoiar empresas americanas em conjunto, por meio de fundos de baixo custo é a maneira mais certeira de se prosperar no longo prazo.
Para provar isso, fez uma aposta de que um fundo da Vanguard Group que acompanha o índice S&P 500 será capaz de entregar retorno superior ao de uma cesta de fundos de hedge entre 2008 e 2017. O dinheiro da aposta será doado para caridade.
No sábado, ele veio com novidades: a cesta de fundos de hedge escolhida pela Protege Partners tinha retornado 21,9% nos oito anos até 2015, enquanto o S&P 500 avançou 65,7% no período.
O gráfico com os resultados da aposta foi "impressionante" para a multidão que se reuniu no sábado, em Omaha, no Estado de Nebraska, disse David Rolfe, que supervisiona US$ 8,5 bilhões, incluindo ações da Berkshire, na Wedgewood Partners. Buffett foi muito enérgico, disse Rolfe. "Há muitos gestores de recursos de alto nível nessa plateia e a maioria dificilmente está fazendo por merecer suas taxas."
Os intermediários que cobram comissões para escolher gestores agravam o problema, disse Buffett aos acionistas.
"Pessoas supostamente sofisticadas, geralmente pessoas mais ricas, contratam consultores. E nenhum consultor no mundo vai dizer: 'Basta comprar um fundo que acompanha o índice S&P e não fazer nada pelos próximos 50 anos'", ele disse. "Você não consegue ser um consultor dessa maneira e certamente não ganha comissão anual dessa forma".
Fadado a perder
Este é o ponto central do argumento, disse Richard Cook, gestor de fundos em Birmingham, no Estado do Alabama, que fez a viagem até Omaha.
Buffett ainda acredita que alguns investidores ativos podem superar o S&P 500 com o tempo, disse Cook, mas no caso de fundos de fundos "as taxas sobre taxas fazem com que o destino seja perder". O CEO da Protege, Jeffrey Tarrant, não respondeu imediatamente a uma mensagem solicitando comentários.
Os fundos de hedge perderam, na média, 0,6% no ano até 31 de março, de acordo com dados compilados pela agência de notícias Bloomberg. Em 2015, 979 fundos fecharam -- mais do que em qualquer ano desde 2009. A indústria de fundos registrou saídas de capital de US$ 16,6 bilhões nos últimos dois trimestres, de acordo com a Hedge Fund Research.
Crescimento dos lucros
Buffett dirigiu instituições que funcionavam de forma parecida com fundos de hedge nas décadas de 1950 e 1960, mas acabou fazendo da Berkshire seu veículo de investimentos e continua sendo seu maior acionista.
Suas aquisições transformaram a empresa em um conglomerado com dezenas de subsidiárias e participações em manufatura, varejo, transporte e energia, principalmente nos EUA. As ações de classe B da Berkshire negociadas na Bolsa de Nova York acumulam alta de 11 por cento no ano até sexta-feira.
No sábado, Buffett reiterou sua visão de que as empresas americanas vão ter bons resultados nas próximas décadas. O lucro do primeiro trimestre da Berkshire subiu 8,2% para US$ 5,59 bilhões, impulsionado pela divisão fabril e por ganhos com investimentos, disse aos acionistas.
"Ainda há uma potencial bomba-relógio no sistema", disse Buffett sobre os contratos de derivativos, acrescentando que uma ruptura nos mercados, potencialmente por um ataque cibernético, poderia dificultar a avaliação dos ativos pelos maiores credores. "A possibilidade de descontinuidades sempre pode ser muito venenosa para os mercados".
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