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Minério volta a cair com preocupação sobre excesso de oferta

Jasmine Ng

10/05/2016 12h23

(Bloomberg) -- O minério de ferro voltou a cair nesta terça-feira e cumpriu as expectativas generalizadas de que uma queda viria depois de uma breve ascensão. A febre de negociações na China diminuiu e o crescimento dos estoques reacendeu a preocupação com um excesso de oferta.

O contrato da SGX AsiaClear para liquidação em junho chegou a afundar 2,3%, para US$ 49,85 por tonelada em Cingapura, o valor mais baixo desde 16 de março, e era negociado a US$ 51,25 às 15h20, horário local.

Em Dalian, os futuros do minério de ferro fecharam com um declínio de 0,6% porque o aço em Xangai despencou pela quinta vez em seis dias. Em Sidney, as ações da BHP Billiton, da Rio Tinto e da Fortescue Metals recuaram.

O minério de ferro subiu em abril muito depois que investidores chineses mergulharam de cabeça nos futuros de matérias-primas e estimularam as projeções de que os fundamentos não conseguiriam justificar o excesso de entusiasmo.

Depois que as autoridades chinesas implementaram restrições ao trading nos mercados locais, os preços de referência à vista da Metal Bulletin recuaram 22% em menos de três semanas. Dados recentes mostram um crescimento dos ativos de minério de ferro nos portos da China e dos estoques de barra de reforço (rebar).

"Era inevitável que os preços caíssem", disse Philip Kirchlechner, diretor da Iron Ore Research em Perth, por e-mail. Apesar dessa nova tendência de crescimento ter começado depois do ano-novo chinês, "algumas usinas e alguns analistas do setor estavam um pouco incrédulos e diziam que isso não poderia se sustentar. Mesmo assim, os preços continuaram subindo", disse ele.

Projeções

Entre os que previram o recuo, o Goldman Sachs disse no dia 22 de abril que o rali era insustentável e que um mercado de aço ajustado na China era uma "distração temporária dos fundamentos do minério de ferro".

Alguns dias depois, a Fitch Ratings disse que a disparada nos preços do aço não duraria. E, no fim do mês, Artur Manoel Passos, do Itaú Unibanco, disse à agência de notícias Bloomberg que o minério cairia US$ 10 em pouco tempo e descreveu a especulação como uma questão de curto prazo.

Os estoques de minério de ferro nos portos da China cresceram 1,4% na semana passada, para 99,85 milhões de toneladas, a maior quantidade desde março de 2015, segundo a Shanghai Steelhome Information Technology.

Os estoques de rebar aumentaram 1,1%, para 4,22 milhões de toneladas, e acabaram com oito semanas consecutivas de perdas, mostraram dados da Steelhome.

"A confiança enfraquecida no setor de aço sufocou muito o minério de ferro", disse Zhou Bo, analista da Everbright Futures. "Um aumento considerável dos estoques de aço afetou o mercado, embora a atitude de esperar para ver adotada pelos usuários industriais e comerciantes ainda seja forte".