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BCE ainda pode tirar coelhos da cartola, diz membro do Conselho

Alessandro Speciale e Milda Seputyte

12/05/2016 12h53

(Bloomberg) -- O Banco Central Europeu ainda pode provocar surpresas em termos de política monetária, se necessário, para combater choques econômicos e restaurar a inflação na zona do euro, disse o membro do Conselho Governativo Vitas Vasiliauskas.

"Os mercados dizem que a caixa de ferramentas do BCE está vazia", disse Vasiliauskas, presidente do banco central da Lituânia, em entrevista na terça-feira em Vilna, capital do país. "Mas somos mágicos. Sempre temos algo a oferecer aos mercados -- como um coelho tirado da cartola".

Sob o comando do presidente Mario Draghi, o BCE mostrou disposição para levar a política monetária a áreas inéditas, incluindo taxas de juros negativas, empréstimos bancários de longo prazo ultrabaratos e um programa de flexibilização quantitativa que foi prolongado e expandido. Contudo, apesar de a economia formada por 19 países ter retomado o crescimento, a inflação continua ausente e novos riscos, como a desaceleração chinesa e a votação do Reino Unido no mês que vem para decidir se deixará ou vai permanecer na União Europeia, ainda podem prejudicar a recuperação.

Vasiliauskas, 42, que foi nomeado para um segundo mandato em 7 de abril, preferiu não comentar sobre opções específicas de política monetária, mas rejeitou a tese de que o banco central não seria capaz de reagir a choques, como por exemplo uma repentina piora da economia internacional.

Surpresas ao mercado

"Essas conversas, essas especulações, estão ocorrendo antes de todas as reuniões", disse ele. "Ainda temos muitas ferramentas e podemos dar surpresas ao mercado. Não vejo, no momento, nenhuma necessidade de tirar outro coelho da cartola porque deveríamos implementar o que foi acordado, o que foi anunciado".

O Conselho Governativo do BCE realizará sua próxima reunião de política monetária em 2 de junho, em Viena. O órgão deixou a política inalterada no último encontro, em Frankfurt, em abril, após decidir em março reduzir os juros, expandir o QE em um terço, para 80 bilhões de euros (US$ 91 bilhões) por mês, e implementar um novo programa de empréstimos bancários.

Embora o produto interno bruto tenha crescido 0,6% no primeiro trimestre, duas vezes mais rapidamente que nos três meses anteriores, a inflação foi de menos 0,2% no mês passado e não chegou nem perto da meta de pouco menos de 2% em mais de três anos. O núcleo da inflação, que exclui energia e alimentos e é encarado pelo BCE como guia para o ponto em que a inflação básica se estabilizará, ficou em 0,7% -- contra 1% em março.

O BCE já está avaliando como reagirá quando os preços ao consumidor começarem a subir. O presidente do banco central austríaco, Ewald Nowotny, disse na terça-feira que o BCE não deverá restringir sua postura monetária logo que a taxa básica de inflação atingir 2%.