Zuma dificulta tentativa de recuperação da economia sul-africana
(Bloomberg) -- Os esforços do ministro das finanças da África do Sul, Pravin Gordhan, para recuperar a confiança do investidor na economia mais industrializada da África e evitar uma classificação de crédito de grau especulativo estão sendo frustrados pelo mesmo homem que o nomeou para o cargo.
Durante os últimos cinco meses, o presidente Jacob Zuma passou de um escândalo ao outro e minou a autoridade de Gordhan em diversas oportunidades. Segundo o jornal Sunday Times, Gordhan agora corre o risco de ser acusado de espionagem e de ser demitido -- especulação que derrubou o rand ao menor valor em dois meses, apesar da negativa da presidência.
"Não acredito que seria fácil para qualquer ministro de finanças de qualquer país do mundo operar nesse tipo de ambiente", disse Abdul Waheed Patel, diretor-gerente da Ethicore Political Consulting, que tem sede em Cidade do Cabo, por telefone. "Para sobreviver é preciso obstinação em relação ao que é melhor para o país e ao que é melhor para a economia. Acho que ele possui isso".
As medidas de Zuma prejudicaram a economia em várias oportunidades. Em dezembro, ele nomeou o pouco conhecido parlamentar David van Rooyen ministro das finanças, fazendo o rand e os títulos do país despencarem antes de renomear Gordhan para o cargo que ele tinha ocupado de 2009 a 2014. Ele só voltou atrás depois de sofrer pressão de líderes empresariais e de altos representantes do partido do governo. O banco central reduziu sua projeção de expansão econômica para este ano para 0,8 por cento, prevendo o crescimento mais lento desde a recessão, em 2009.
O vice-ministro das finanças, Mcebisi Jonas, posteriormente alegou que o cargo foi oferecido a ele por uma rica família indiana amiga de Zuma em troca de concessões comerciais. Os Gupta, que são proprietários de empresas na África do Sul, negaram qualquer irregularidade e Zuma disse que apenas ele tem o poder de nomear ministros.
Em 31 de março, a Corte Suprema da África do Sul decidiu que Zuma violou a Constituição quando desafiou uma ordem do órgão anticorrupção do país de devolver os recursos estatais gastos em sua residência privada. Um mês depois, a Corte Suprema decidiu que os procuradores erraram quando engavetaram um caso de corrupção contra Zuma há sete anos, o que abriu caminho para que sejam reinstaladas 783 acusações contra ele.
Investigação da polícia
Zuma também ignorou o pedido de Gordhan para demitir o chefe do fisco, Tom Moyane, por desafiar sua ordem de interromper a reformulação do Serviço de Receita Sul-Africano (SARS, na sigla em inglês). Ele se recusou a intervir em uma investigação policial sobre acusações de que Gordhan estabeleceu uma unidade de investigação não autorizada quando chefiava a agência tributária nacional.
"Mesmo que os rumores sobre a iminente prisão de Gordhan sejam falsos, o dano já foi feito", disse Nicholas Spiro, sócio da Lauressa Advisory, empresa com sede em Londres que assessora gestores de ativos. "Isso reforça a percepção de que Gordhan não possui apoio político para realizar reformas bastante necessárias -- um problema evidente também em diversos outros mercados emergentes, como Turquia e Brasil".
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