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Cortes na oferta Nigéria, Canadá renovam apostas alta petróleo

Mark Shenk

23/05/2016 11h27

(Bloomberg) -- Os investidores têm alguns motivos tristes para ter otimismo em relação aos preços do petróleo.

Os surtos de violência na Nigéria, os problemas de exportação em uma Líbia dividida e os incêndios florestais que cortam as areias betuminosas canadenses estão revivendo as apostas na restrição dos mercados de petróleo. A posição comprada dos especuladores no petróleo de referência dos EUA, um indicador de como as apostas em um aumento de preço ultrapassam em número as apostas pessimistas, teve o maior aumento de contratos desde março, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês).

"O principal fator de otimismo foram as interrupções", disse Michael Wittner, chefe de pesquisa do mercado de petróleo do Société Générale em Nova York. "Há muitas interrupções, principalmente na Nigéria e no Canadá. Estamos perdendo bastante petróleo".

Os futuros do West Texas Intermediate caminham para o quarto mês seguido de ganho, o que seria a alta mais longa em cinco anos, em meio ao acúmulo de evidências de que a demanda poderá em breve superar a oferta.

A posição comprada dos investidores nos futuros do WTI aumentou 14% na semana que terminou em 17 de maio, segundo a CFTC. As posições vendidas, ou seja, as apostas na queda dos preços do petróleo, encolheram, enquanto as compradas avançaram.

Os futuros do WTI subiram 8,2% na Bolsa Mercantil de Nova York na semana do relatório da CFTC e na sexta-feira o contrato para junho caiu 0,9%, fechando e expirando a US$ 47,75 o barril. O WTI para entrega em julho caía 0,9%, para US$ 47,98, às 10h34 desta segunda-feira, pelo horário de Londres.

Novo desdobramento

A produção de petróleo nigeriana caiu porque ocorreram novos atentados com explosões dos dutos que atravessam os manguezais do Delta do Rio Níger, encerrando anos de relativa paz. Neste mês, uma onda de ataques está derrubando a produção para 1,4 milhão de barris por dia, o menor patamar em 27 anos.

"A virada inesperada é a Nigéria", disse John Kilduff, sócio da Again Capital em Nova York. "Fazia muito tempo que não nos preocupávamos com a oferta de petróleo da África Ocidental".

Na Líbia, as administrações concorrentes da estatal National Oil provocaram a paralisação das exportações, no revés mais recente da oferta de um país devastado por conflitos. No período de cinco anos desde a derrubada de Muammar Kadafi, as instalações petrolíferas da Líbia foram atacadas e os portos fechados devido à disputa por influência entre grupos.

O incêndio florestal canadense dobrou para uma área mais de cinco vezes maior que a cidade de Nova York em cerca de uma semana, ameaçando as minas de areias betuminosas. Mais de 80.000 pessoas nos arredores de Fort McMurray, no norte de Alberta, fugiram do fogo neste mês e o setor desativou mais de 1 milhão de barris por dia em produção. O clima mais frio, agora, está ajudando a controlar o fogo.

"As perturbações estão fazendo as pessoas pensarem que em breve a oferta poderá ser menor que a demanda", disse Kilduff, da Again Capital. "Isto faz sentido, especialmente considerando a tese de que o mercado se reequilibraria de qualquer jeito no fim deste ano".

--Com a colaboração de Rebecca Penty