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Índia quer atrair empresas dos EUA para exploração de petróleo

Debjit Chakraborty e Sunil Jagtiani

02/06/2016 14h23

(Bloomberg) -- As vítimas da queda do petróleo de xisto nos EUA estão recebendo uma oferta para refazerem suas fortunas em uma nova fronteira a milhares de quilômetros de distância, na Índia.

O primeiro-ministro Narendra Modi está se empenhando para desenvolver campos menores de petróleo e gás que já foram descobertos, mas permanecem inexplorados, e que contêm mais do que o total da produção anual da Índia.

O país sul-asiático é dependente da importação de energia, um risco que Modi quer abordar porque a expansão mais acelerada entre as grandes economias faz da Índia um centro de crescimento da demanda mundial de petróleo.

"Empreendedores que limitaram seus poços em Alberta ou Dakota do Norte escutarão esse tipo de história com muito interesse, porque as perspectivas em suas próprias frentes são muito escassas", disse Atanu Chakraborty, chefe da autoridade reguladora do petróleo Diretório Geral de Hidrocarbonetos, em uma entrevista na terça-feira.

A Índia não tem muitas exigências sobre quem assumirá o desafio - sejam exploradores estrangeiros ou magnatas locais da internet que desejam diversificar seus investimentos - desde que tenham a seriedade e o dinheiro necessários, disse Chakraborty.

O governo está oferecendo incentivos, como autorizações mais simples, concessões fiscais e liberdade em relação às restrições de preço, a fim de superar a dissuasão que os baixos preços do petróleo representam para o aumento da produção.

Consumo doméstico

O robusto consumo doméstico da Índia é um escudo contra o risco de que os preços "possam voltar a cair ou continuar baixos", disse Chakraborty, 56, na entrevista realizada em seu escritório em Nova Déli.

A economia de US$ 2 trilhões importa cerca de 77% do petróleo bruto e gás de que necessita. Os 67 campos pequenos que já foram descobertos e que Chakraborty visa a desenvolver contêm cerca de 625 milhões de barris de petróleo e gás, estima o governo.

A Arábia Saudita liderou a resposta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo ao boom do xisto nos EUA mantendo a produção, optando por defender sua fatia de mercado e expulsar os produtores com custos mais elevados em vez de reduzir a produção para ajustar o mercado. Os preços então desmoronaram, o que transformou a ascensão americana em queda.

Riscos

"Buscamos pessoas que possam assumir riscos com inteligência", disse Chakraborty. "É esse o tipo de empreendedores que buscamos. Daqui a quatro ou cinco anos teremos pelo menos quatro ou cinco empresas boas que estarão em posição de assumir riscos maiores".

A Índia também deverá se tornar mais atraente para os investidores em exploração de petróleo e gás durante os próximos cinco anos, em parte por causa das medidas políticas tomadas recentemente pelo governo, de acordo com um ranking elaborado pela empresa de pesquisa IHS.

A meta é conceder os direitos para as dezenas de pequenos campos descobertos até janeiro do próximo ano e o governo não vai impor restrições, como a exigência de um histórico no setor, disse Chakraborty.