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Análise: A vida complicada de hedge funds na China

Christopher Langner e Nisha Gopalan

07/06/2016 12h23

(Bloomberg) -- Os hedge funds tiveram 12 meses difíceis e o primeiro trimestre de 2016 foi o pior em pelo menos sete anos. A tristeza, no entanto, sempre é relativa. Aqueles que estão sofrendo em Nova York ou em Londres podem encontrar algum consolo ao analisar o que seus pares na China e em Hong Kong estão suportando.

Nesta terça-feira, a China Everbright, uma gestora de recursos com sede em Hong Kong que administra mais de US$ 5 bilhões, disse que fechará um de seus hedge funds com foco na China após uma queda do desempenho durante a crise do mercado de ações no ano passado.

Keith Wu, diretor administrativo da China Everbright Assets Management, disse que as oportunidades de investimento escasseavam e que a empresa decidiu consolidar suas ofertas acionárias.

Que um hedge fund voltado para China tenha perdido dinheiro em 2015 não deveria ser uma surpresa. Hedge funds como o que a Everbright está fechando só são bons para ganhar dinheiro quando os outros não são, justamente porque eles fazem hedge.

Aí reside o principal obstáculo para qualquer gestor de recursos que alegue adotar essa estratégia na China. Colocar as ações continentais em posição vendida é caro e limitado e o apetite para colocar as ações chinesas negociadas em Hong Kong em posição vendida vem diminuindo.

Restam então os derivativos, mas há apenas um contrato de opções sobre índice e nenhum para ações individuais e os futuros são poucos e espaçados. Uma vez que se exclui da estratégia a posição vendida, resta apenas uma abordagem aos hedge funds. E a China foi um mercado muito ruim para a posição comprada nos últimos 12 meses.

Uma série de novas regras também não está ajudando muito. Em agosto, as autoridades reguladoras disseram que os vendedores a descoberto teriam que esperar um dia para cobrir suas posições.

Isso reduziu a venda a descoberto na China, que já era pequena, porque significava que os investidores teriam que manter suas apostas durante pelo menos 24 horas, período em que qualquer coisa podia acontecer. Pequim também restringiu a negociação de futuros de índice de ações, o que limitou os volumes no CSI 300 Index, um destino de investimento favorito dos hedge funds.

Além disso, existe a questão da concorrência. Há muitas pessoas ricas na maior economia da Ásia e durante os últimos cinco anos o número de empresas que se estabeleceram para administrar esse patrimônio disparou.

Como em qualquer mercado lotado, conquistar uma posição de controle é muito mais difícil. E sempre que há excesso de algo, há também vencedores e perdedores.

Os que observam a China deveriam prever que outros hedge funds seguirão os passos do condenado Dynamic Opportunities Fund, da Everbright. A vida vai ser dura por aqueles lados durante um bom tempo.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.