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Investidores do Japão se preparam para oportunidades em Cuba

Stephen Stapczynski e Ichiro Suzuki

07/06/2016 14h44

(Bloomberg) -- As maiores tradings do Japão estão se posicionando em Cuba antes da flexibilização das sanções aplicadas pelos EUA, buscando oportunidades nos setores de infraestrutura, recursos e automóveis em um momento em que o país caribenho emerge de uma situação próxima do isolamento.

A Mitsubishi, maior trading do Japão, abriu um escritório neste mês em Havana e atualmente está pesquisando possíveis acordos comerciais, segundo um porta-voz. A Mitsui & Co. abrirá um escritório já em setembro e está estudando a exportação de níquel cubano, segundo um porta-voz. A Marubeni aguarda a remoção de sanções para a liberação da demanda reprimida por carros e máquinas industriais e informou neste ano que também planeja abrir um escritório.

O presidente dos EUA, Barack Obama, busca normalizar as relações e estabelecer laços mais próximos com Cuba, sinalizando o fim de cinco décadas de sanções que deixaram o país ávido por dinheiro e pouco mudado desde a revolução de Fidel Castro, em 1959. A Moody's Investor Services estima que Cuba crescerá 3% em 2016. Este avanço se destacaria dentro da América Latina, que tem projeção de contração de 1,4% neste ano, segundo dados compilados pela agência de notícias Bloomberg.

Pioneiros

"Se houver oportunidades, eles serão os primeiros a aproveitá-las", disse Polina Diyachkina, analista da Macquarie Group que cobre as traders japonesas. "O trabalho das tradings é encontrar novos mercados. Cuba está fechada há muitos anos e é um mercado muito pobre. Deve haver ricas oportunidades no lado industrial e em infraestrutura, assim como em produtos de consumo, como automóveis".

Os lucros das empresas conhecidas como "sogo shosha" atingiram mínimas recorde no último ano fiscal devido à queda dos preços das commodities. A Mitsubishi e a Mitsui divulgaram seus primeiros prejuízos anuais da história devido principalmente a baixas contábeis de ativos de energia e de metais. Agora essas empresas estão reforçando outras unidades de negócios além daquelas focadas em recursos, como as de saúde e de fabricação de bens de consumo.

A Mitsubishi atualmente está exportando café de Cuba e contratará dois cubanos para o novo escritório, disse um porta-voz na segunda-feira. A empresa fornece grãos e produtos à base de café, como café solúvel e extrato de café, para empresas de torrefação e fabricantes de café instantâneo, segundo o site da empresa.

As tradings miram Cuba em um momento de queda da confiança do Japão no restante da América Latina. A confiança empresarial das empresas japonesas na América Latina caiu no ano passado devido ao declínio dos preços do petróleo e à piora do ambiente político, segundo uma pesquisa do governo. A situação contrasta com a de 2011, quando a confiança na região era maior que a depositada na Índia e na China.