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BOE se prepara para o pior, britânicos temem destino europeu

Scott Hamilton e Jill Ward

13/06/2016 09h35

(Bloomberg) -- Enquanto o Reino Unido se angustia com sua relação com a Europa, o Banco da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) vai se preparando para a turbulência.

Faltando apenas dez dias para o referendo que poderia ver a Grã-Bretanha se retirar da União Europeia, os bancos centrais estão posicionando defesas para reforçar a confiança do mercado e o sistema financeiro se isso acontecer. Na terça-feira será feito o primeiro teste do funcionamento desse trabalho, com o início de uma série de operações de mercado extras para aumentar a liquidez em torno da votação.

O ponto culminante de mais de um ano de planejamento pode encontrar o presidente do banco central inglês, Mark Carney, frente a frente com uma grande quantidade de desafios relacionados ao acontecimento que pode se tornar histórico. Com a volatilidade já em alta e o resultado previsto para ser anunciado em um dia normal de negociações, as consequências imediatas de uma vitória da Brexit poderiam incluir fuga de capitais, queda da libra e redução do financiamento bancário.

"Eu imagino que exista algum tipo de comitê especial de crise conduzido pelo presidente", disse Tony Yates, ex-funcionário do BOE e atualmente professor de Economia da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. "Se fosse eu, eu iria garantir que todos os recursos estivessem concentrados na continuidade dos negócios e nas questões de estabilidade financeira de curto prazo".

Risco para a estabilidade

Na sequência imediata de uma decisão de sair do maior mercado comum do mundo, Carney provavelmente estará na linha de frente da resposta inicial. Como o presidente do banco central declarou que a votação pela saída é o maior risco interno para a estabilidade financeira, o BOE disse que vai acompanhar a evolução do mercado e tomar medidas se necessário.

A reação mais visível provavelmente acontecerá no mercado de câmbio e os economistas preveem que a libra poderia cair quase 10 por cento, para US$ 1,30, nível visto pela última vez em 1985. Os indicadores da volatilidade implícita dispararam e Carney alertou que a moeda poderia cair "acentuadamente".

Oitenta e cinco por cento dos 33 economistas que participaram de uma pesquisa da Bloomberg disseram que a economia precisaria de mais apoio no caso de uma Brexit. Setenta e cinco por cento deles disseram que deveriam ser usadas medidas de flexibilização de crédito e 68 por cento afirmaram que a flexibilização quantitativa era uma opção. Sessenta e um por cento disseram que poderia acontecer um corte dos juros.

"Eles têm que dizer que o Comitê de Política Monetária fará uma reunião de emergência se a votação decidir pela saída", disse Danny Blanchflower, ex-responsável pela política monetária do BOE. "Eles vão emitir um comunicado para informar que estão prontos para agir e que provavelmente cortarão os juros. O que eles vão tentar fazer é evitar um grande choque no mercado nesse dia".