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Fuga de títulos junk pode prejudicar ETFs, mas não esmagá-los

Alastair Marsh

23/06/2016 16h02

(Bloomberg) -- Se ocorrer uma fuga no mercado de títulos junk, os investidores em fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) não serão os mais prejudicados. Essa foi a conclusão do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), cujos membros incluem o Federal Reserve dos EUA e o Banco da Inglaterra, publicada em um documento na quarta-feira. Isso acontece, de certo modo, contra as advertências de Carl Icahn e Howard Marks de que os fundos podem dar uma ilusão de liquidez, mas que pode ser difícil sair quando o sentimento do mercado piorar. A conclusão também dá um impulso aos campeões do ETF, como Larry Fink, da BlackRock, que diz que os fundos oferecem uma transparência incomparável.

Enterrada na penúltima página do documento do FSB está uma explicação de por que a mecânica dos ETFs significa que até mesmo os fundos baseados em ativos que são negociados em mercados menos líquidos deverão conseguir vender seus ativos e honrar todas as suas obrigações durante uma grande retirada.

Em vez de vender os ativos do fundo em troca de dinheiro, como acontece com os fundos mútuos, muitos ETFs de títulos usam o que se conhece como uma espécie de processo de criação e resgate, que pode proteger o fundo de ter que vender, disse o FSB. Formadores de mercado conhecidos como participantes autorizados (APs, na sigla em inglês) trocam uma cesta de títulos do índice de referência subjacente por ações de ETF, ou vice-versa, e esse mecanismo em espécie significa que quem arca com o custo dos resgates são os acionistas que fazem o resgate, e não os acionistas restantes.

O resultado, de acordo com o relatório, é que os ETFs "geralmente não apresentam" as "questões relativas à liquidez sob demanda" apresentadas por outros fundos abertos de investimento - como os fundos mútuos. Aqui, o FSB revelou uma série de propostas que visam a fortalecer esses fundos contra uma possível incompatibilidade de liquidez e a evitar uma situação em que, em meio a uma queda forte generalizada, os investidores que já não podem sair sejam punidos indevidamente. Mesmo assim, nem todas as notícias são boas para pessoas como Fink.

O mecanismo que os APs utilizam para manter o preço dos ETFs perto do valor estimado dos ativos subjacentes também pode ser tensionado em condições de estresse, alertou o FSB. Como os APs - em geral, instituições financeiras e grandes bancos - não são obrigados a criar ou resgatar ações de ETF, eles podem simplesmente se recusar a fazê-lo em momentos de turbulência do mercado, o que significa que os investidores talvez só possam negociar se aceitarem "descontos significativos" no valor estimado dos ativos, disse o FSB.

O documento de consulta do FSB chega em um momento em que os ETFs estão atraindo mais análises minuciosas, porque o mercado para os títulos subiu inexoravelmente desde a crise financeira, estimulado pela perda de confiança nos gestores ativos e pela piora das condições de negociações nos mercados de crédito. O FBS observou que suas recomendações de liquidez propostas "podem exigir ajustes para lidar com as circunstâncias dos ETFs".