Títulos corporativos mostram problema de crédito chinês, diz Goldman Sachs
(Bloomberg) -- Quer uma pista para saber se a China vai realizar uma reforma estrutural de seu inchado setor corporativo ou se largará sua dependência do crescimento impulsionado pelo crédito? Os analistas do Goldman Sachs sugerem observar o mercado de títulos chinês onshore.
O mercado de títulos corporativos doméstico da China existe há pouco mais de uma década e nesse período registrou apenas 18 calotes oficiais, sendo que o primeiro ocorreu apenas em 2014, quando a Shanghai Chaori Solar Energy Science & Technology não conseguiu pagar seus credores a tempo.
Os calotes se dividiram aproximadamente entre empresas privadas e estatais, estas famosas por sua ineficiência.
O jovem mercado de títulos corporativos domésticos da China é, portanto, "um microcosmo dos problemas de crédito do país", escreve Kenneth Ho, do Goldman.
"Muitas estatais dependem do apoio implícito do governo para financiarem suas dívidas e os bancos muitas vezes preferem ampliar o crédito a entidades relacionadas ao Estado presumindo que haverá apoio do governo -- criando riscos morais perigosos. Na nossa visão, permitir o calote das estatais é um forte reflexo da disposição das autoridades para abordar os problemas de risco moral. E, de novo, isso reflete o que vem ocorrendo no mercado de crédito como um todo".
Contudo, até mesmo esses 18 "calotes" parecem ostentar seu próprio risco moral com características chinesas porque as autoridades normalmente se mostram dispostas a oferecer apoio após o fato, e as empresas têm se mostrado cada vez mais criativas na hora de encontrar maneiras de quitar dívidas (e também no momento de encontrar desculpas para não pagá-las).
O Goldman ressalta que, nos 18 calotes identificados, os credores conseguiram recuperação plena em sete casos e em 11 continuam tramitando em tribunais de falência e em outras partes.
Com isso, o número de empresas -- estatais ou privadas -- que deixaram os credores com prejuízos é zero.
Com o aumento dos empréstimos em atraso no sistema bancário da China, os títulos corporativos locais podem acabar sendo um teste para a disposição do país de tomar o remédio amargo dos calotes e dos prejuízos em nome da reforma estrutural e da redução da dependência em relação à expansão do crédito.
Como o Goldman ressalta, o curto histórico de calotes de títulos onshore da China ocorreu, em grande parte, em setores marcados pelo excesso de capacidade crônico nos quais uma verdadeira reformulação poderia ser o mais desejável.
"Vemos o risco de uma 'parada repentina' como baixo, dada a capacidade de clemência das autoridades, e, como a maioria esmagadora das dívidas da China é doméstica, o financiamento externo não é a principal preocupação", conclui Ho.
"Mas nós achamos que o crescimento da China perderá força [no segundo semestre de 2016] porque o ritmo de crescimento do crédito provavelmente irá desacelerar".
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