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Novo presidente da Rio Tinto diz que fusões não são prioridade

Jesse Riseborough

04/07/2016 15h08

(Bloomberg) -- A estratégia do novo presidente da Rio Tinto para atravessar a crise do setor de mineração é simples: manter a calma e seguir em frente.

Esse é o mantra que Jean Sébastien Jacques, 44, pretende adotar após assumir recentemente o cargo de presidente da segunda maior empresa mineradora do mundo.

Não empreender uma estratégia mais agressiva de fusões e aquisições será uma surpresa para aqueles que previam que sua nomeação indicava mais transações em um momento em que a crise das commodities obriga rivais em apuros a vender ativos.

"As fusões e aquisições não são uma prioridade hoje", disse Jacques em uma entrevista na sede da empresa em Londres na quarta-feira, antes de assumir o comando no dia 2 de julho. "Fomos muito claros com os acionistas e o mercado no sentido de que a menos que vejamos um meio de gerar valor para os nossos acionistas, ou seja, o preço certo, não vamos fazer isso".

Jacques, que era chefe da unidade de cobre da Rio Tinto, assumiu como presidente em um momento em que o setor enfrenta uma desaceleração na China que derrubou os preços das commodities e deixou o mundo inundado de oferta. Ao retirar o foco das fusões e aquisições, os planos de crescimento da Rio Tinto se centrarão no desenvolvimento de projetos existentes e no corte de custos.

Era de Walsh

Sam Walsh, antecessor do francês, administrou a empresa de 140 anos reduzindo despesas e eliminando mais de US$ 6 bilhões em custos. Ele adotou uma estratégia conservadora de fusões e aquisições na esperança de que a queda das matérias-primas permitiria conseguir ativos mais valorizados e de maior qualidade a preços mais baixos.

Isso não aconteceu e a Rio Tinto ficou em compasso de espera após duas aquisições desastrosas - a compra da Alcan em 2007 por US$ 38 bilhões e a aquisição de uma mina de carvão em 2011 por 3,9 bilhões de dólares australianos (US$ 2,9 bilhões).

A transação da Alcan provocou baixas contábeis de bilhões de dólares e encheu a empresa de dívidas e o ativo de carvão foi vendido posteriormente por uma fração do preço original.

Jacques, que no mês passado anunciou uma reorganização que provocou a saída do diretor da unidade de minério de ferro, disse que as transações recentes com minas de cobre foram atraentes para os vendedores, uma prova de que os principais ativos ainda não podem ser comprados por preços relativamente baratos. A Rio Tinto estaria interessada em todas as commodities, exceto petróleo e gás, disse ele.

"Nossa prioridade é a qualidade dos ativos, não se trata de um jogo de commodities", disse ele. "Sabemos quais são os ativos que adoraríamos ter em nossa carteira. Eles estão à venda hoje? Talvez sim, talvez não. É possível comprá-los pelo preço certo? Essa é a verdadeira pergunta".

A Rio Tinto se concentrará nos projetos existentes, como uma expansão de US$ 6 bilhões de sua gigantesca mina de cobre Oyu Tolgoi na Mongólia e a construção do projeto de bauxita Amrun, de US$ 1,9 bilhão, na Austrália.

A segunda maior exportadora de minério de ferro tomará uma decisão em breve em relação a uma nova mina na região Pilbara, na Austrália, que custaria cerca de US$ 500 milhões.