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Disputa por rendimentos chega às ações de mercados emergentes

Sid Verma

04/08/2016 14h19

(Bloomberg) -- A disputa global por rendimentos aumentou o apelo das ações de altos dividendos em todo o mundo. O surpreendente é onde os investidores dos mercados desenvolvidos estão travando essa batalha -- nas ações dos mercados emergentes -- e a justificativa: os rendimentos baixos dos títulos em seus domínios usuais.

"Os investidores estão optando por ações de mercados emergentes pela 'renda' do rendimento devido à falta de renda com títulos nos mercados desenvolvidos", escreveram analistas do UBS liderados por Geoff Dennis em um relatório publicado na terça-feira.

Isto muda completamente o modo que investidores costumavam ver as ações dos mercados emergentes. As ações são normalmente vistas como uma aposta no aumento das perspectivas para o crescimento global e, por isso, são adquiridas para ganho de capital, não para renda. Além disso, a volatilidade das ações dos mercados emergentes, levando em conta, em particular, os efeitos cambiais para quem investe em dólar, pode esmagar o carry positivo, o que desafia as avaliações das ações baseadas em taxas de juros.

Os gerentes de carteiras de renda fixa que também compram ações, conhecidos como investidores 'crossover', estão dando uma nova perspectiva para os mercados emergentes, dizem analistas do UBS.

"As ações dos mercados emergentes normalmente são compradas para o crescimento (embora não nos últimos cinco anos) ou para beta, para buscar um desempenho superior nos mercados internacionais em crescimento.

Os mercados emergentes normalmente são vistos apenas como uma 'aposta no rendimento' se os investidores quiserem adotar uma postura defensiva diante de mercados internacionais fracos.

Contudo, no momento, estamos escutando cada vez mais os investidores buscarem 'rendimento' nos mercados emergentes como forma de apostar na alta dos mercados em um mundo onde o crescimento continua, na melhor das hipóteses, desigual.

Essa caçada por rendimentos nos mercados emergentes parece ser um foco particular dos investidores globais que mantêm posição "underweight" para os mercados emergentes há vários anos e agora estão procurando oportunidades 'crossover'".

Nos últimos meses, os fluxos estrangeiros para as ações dos mercados emergentes aumentaram, embora a perspectiva para os dividendos, para o crescimento econômico e para os resultados corporativos não tenha mudado materialmente.

As ações dos mercados emergentes não parecem baratas segundo uma base absoluta, nem olhando para os resultados futuros, nem para rendimento de dividendos, dizem os analistas.

Contudo, a diferença do rendimento dos dividendos dos mercados emergentes em relação ao rendimento do título do Tesouro dos EUA de referência de 10 anos está perto do nível mais alto dos últimos anos e bastante acima da diferença média de longo prazo de menos 108 pontos-base.

A ironia é que pouco mudou em termos de avaliação para o rendimento dos dividendos dos mercados emergentes, que permaneceu na mesma faixa de 2% a 3% durante a maior parte dos últimos 15 anos.

E também não há argumento otimista para os retornos dos dividendos dos mercados emergentes em relação aos retornos dos mercados desenvolvidos, segundo os estrategistas. Além disso, o retorno dos dividendos dos mercados emergentes tem se mantido acima dos retornos dos títulos dos mercados desenvolvidos desde o final de 2012.

O que mudou, contudo, são as avaliações altas dos títulos soberanos com grau de investimento.