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Após US$ 1 tri queimados, reservas internacionais aumentam

Ye Xie e Natasha Doff

16/08/2016 12h24Atualizada em 16/08/2016 13h43

(Bloomberg) -- Os bancos centrais dos países em desenvolvimento estão tirando proveito da maior alta de suas moedas desde 2010.

Encabeçados pela Turquia e pela Tailândia, eles estão aproveitando as taxas de câmbio mais fortes para acumular reservas estrangeiras pela primeira vez em dois anos, reabastecendo os rombos criados quando tentaram respaldar suas moedas durante as crises recentes. Tendo defesas maiores eles poderão atravessar melhor as quedas desestabilizadoras ao mesmo tempo em que tornam suas economias mais atraentes para os traders, de acordo com firmas de investimento como Manulife Asset Management e GAM UK.

As reservas internacionais cresceram US$ 154 bilhões, ou 1,4 por cento, desde o fim de março, para US$ 11 trilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os cofres da Turquia foram os que mais cresceram no período, com um aumento de mais de 6 por cento. A pilha de dinheiro da Tailândia cresceu 5,5 por cento e a da Indonésia cresceu 3,6 por cento.

"Se os bancos centrais tiverem mais poder de fogo é mais provável que os investidores comprem em épocas de queda", disse Richard Segal, analista de mercados emergentes da Manulife Asset Management, que administra cerca de US$ 130 bilhões em investimento em renda fixa. "Antigamente, muitos temiam quando as reservas internacionais se esgotavam, por isso poder reabastecê-las dará mais confiança aos detentores de títulos."

Volume recorde

O aumento marca uma inversão da tendência a partir de 2014, quando os fluxos de saída de capital levaram bancos centrais da China à Arábia Saudita a queimarem reservas para deter a desvalorização de suas moedas. As reservas internacionais atingiram o pico de US$ 12 trilhões em agosto daquele ano e vinham caindo até recentemente, quando o capital começou a voltar para os mercados emergentes.

O total recorde de US$ 18 bilhões foi adicionado aos fundos de renda fixa do mercado emergente no período de seis semanas encerrado em 10 de agosto, de acordo com a EPFR Global, que monitora os fluxos dos fundos. Uma melhoria nas contas-correntes, parâmetro amplo do comércio internacional e dos serviços, aumenta as receitas adicionais em dólar. A entrada de dinheiro ajudou o MSCI Emerging Markets Currency Index a subir 10 por cento desde uma baixa em meados de janeiro, a caminho da maior alta anual em seis anos.

Acumulando reservas, os bancos centrais se preparam para possíveis distúrbios quando o Federal Reserve elevar as taxas de juros dos EUA, o que poderia provocar saídas de capital dos mercados emergentes. Analistas consultados pela Bloomberg projetam que o dólar vai se reafirmar nos próximos meses e que todas as moedas importantes dos mercados emergentes vão se desvalorizar até o fim do ano.

Os analistas estão mais pessimistas com o rand sul-africano e projetam que ele cairá 14 por cento, para 15,38 por dólar, até 31 de dezembro. A lira turca, o real e o peso argentino poderão recuar pelo menos 6 por cento, de acordo com a mediana de estimativas dos estrategistas.